domingo, 19 de dezembro de 2010

Os gritos assustadores chamados silêncio


Vivemos em sociedade. Toda sociedade necessita de sinais, signos, significantes para que as pessoas possam interagir umas com as outras. Tudo aquilo que sabemos sem saber como nem por que constituem (de maneira tanto quanto simplificada) o senso comum.

Ontem estava com uma amiga e passou por nós um mulherão, corpo super malhado, vestido justo e curto, salto alto e cabelos compridos. Eu afirmei prá ela: "Nossa! Que mulher gostosa!", e ela riu. Logo em seguida iniciamos um diálogo sobre como era engraçado o fato de eu ter dito que aquela mulher era "gostosa", bem como quando me refiro a um homem como "gostosão", já que nem aquela mulher nem os homens que recebem o título de gostosos são, dentro da minha percepção do que seria a gostosura, gostosos.
Não me sinto atraída pelos corpos muito malhados, mas, diante de uma pessoa assim não páro para refletir o que é, na minha concepção, um gostoso. Simplesmente afirmo aquilo que será compreendido para designar alguém como algo. Isso é o senso comum, ou melhor, é usar dele para se fazer entender. Aquela mulher pode não ser gostosa aos meus, mas, aos olhos da sociedade ela é.
O engraçado é que a "sociedade" que me ouvia naquele momento era alguém que compartilha do meu conceito de gostosisse...

Não quero ser mal compreendida aqui. Não existem apenas duas opções: ou se vê a mulher como gostosa e faz-se parte de um grande saco chamado sociedade, ou então não a julga como atraente e compõem-se o lado B. Claro que não. É possível fazer parte dos dois grupos, os que gostam e os que não gostam daquele corpo, é possível também não fazer parte de nenhum dos dois grupos, e ainda é possível ser parte de um terceiro, de um quarto, e até de um décimo grupo. A minha intenção ao reduzir é simplesmente facilitar a exposição do meu ponto. Assim como reduzo a apenas o gosto por corpos um assunto que envolve simplesmente (?) tudo que existe no mundo. Não quero ser simplista, apenas quero tornar possível a execução deste texto.

O senso comum é muito útil, como marcaríamos um encontro em determinados local e horário se cada um compreendesse as palavras a sua maneira? Te encontro na praça as 09:00. João estaria as 09:00 na praça e Maria estaria escovando os dentes embaixo da pia a qualquer hora. Não seria possível viver assim.
Todavia, apesar de útil, ele também aprisiona e nos torna intolerantes e prepotentes. O diferente passa a ser algo com uma conotação pejorativa com uma facilidade absurda. O exercício de refletir sobre seus conceitos próprios pode tornar-se algo raramente executado, fazendo de nós meramente reprodutores da massa.
Usar do senso comum como ferramenta de comunicação, de participação, é algo válido e importante para estarmos no planeta, mas, usar dele para ver/sentir/perceber/viver o mundo é ruim, pois faz com que não apenas esteja-se nele, mas, também, que se seja dele. Não há neste caso nem uma parte de liberdade, e assim acabamos cárceres. Nem a nossa percepção é nossa.

Estar no mundo sem ser dele.

Caso entre na casa de alguém que use baldes como luminárias, alguém muito apegado aos valores da sociedade poderá instantaneamente taxar aquilo como feio, incompreensível e quem fez aquilo como louco ou algo do gênero, afinal, este não é o uso dos baldes, eles não foram desenvolvidos para isso.
Já o dono da luminária (ou seria do balde?) pôde usar aquele balde daquela maneira por conseguir compreender que os padrões comuns são simplesmente os padrões comuns e nada além. Por pensar que o balde diminuía o forte brilho irradiado pela lâmpada e dava um colorido bonito ao ambiente quando a luz passava pelo plástico rosa. Por que dentro do conceito dele de bonito aquele balde no teto de sua sala era de fato belo. Que a ele pouco importa se o resto do mundo o acha louco por aquela atitude, talvez loucos sejam aqueles que optem por viver em uma prisão quando podem ser adeptos da liberdade. E se acham o seu balde feio, mal aplicado ou qualquer coisa de negativa, tudo bem, esta é a percepção alheia, e a casa é sua, logo, deve estar do seu gosto. Com certeza outros "loucos" escutam os gritos assustadores do silêncio como ele e considerariam o balde algo "muito bacana", "bonito", talvez até "genial".
O visitante que ao invés de se preocupar em julgar o balde resolver observá-lo poderá até sair dali para reproduzir o mesmo em sua casa.

Estar no mundo sem ser dele. Escutar os gritos que compõem o silêncio e não se angustiar pelo fato de que nem todos ouvem. Compreender que as pessoas tem suas percepções, suas opiniões, e que estas devem ser respeitadas (inclusive pelas próprias). Este respeito inicia-se quando aceita-se que seus olhos não são os olhos do mundo, e que não há nada de errado nisso, ainda que o mundo tente convencer-te do contrário.

Estar no mundo, sim, mas nunca ser dele.

Sexual Healing




Após ter lembrado da importância do sexo seguro e dos malefícios da prática sexual desprotegida, agora vale a pena falar sobre os benefícios da atividade sexual!

O vídeo é da música que serve de título a este post. Apesar de adorar a versão original e clássica da música (do Marvin Gaye), acho que Ben Harper mandou muito bem nesta que fez!

Sexual Healing, é, em tradução livre, cura sexual. Não sei se o sexo poderia curar algo, mas prevenir pode! Um monte de coisas!

Vamos começar do começo. A prática sexual e seu impacto na saúde do homem tem sido investigados, algumas das conclusões oferecem bastante base científica, outras, nem tanto. Mas o interesse no sexo e na sexualidade existe desde que o mundo é mundo, e provavelmente continuará existindo até quando ele deixar de ser.

Como qualquer atividade física, atividade de liberação hormonal, o sexo, para ser benéfico envolve sua prática com periodicidade regular. Bem como a caminhada, deve ser praticado mais ou menos 4 vezes por semana para garantir suas "benções", então, no intuito de manter a saúde do corpo (e a do casamento) nada de extinguir tal prática com o decorrer dos anos de uma relação!

O sexo melhora a pele e o cabelo, além disso, na mulher, pode diminuir os incômodos decorrentes da menstruação (como as cólicas e a TPM). Outra função importante é o fato de ajudar no controle da incontinência urinária.
"Relaxa e goza!", ou goza e relaxa? O sexo melhora o sono e reduz a ansiedade e a depressão, somado a isso, é útil no controle da pressão arterial.
Relaxa e tonifica os músculos, auxilia no emagrecimento e pode ser um bom treinamento para o condicionamento cardio-pulmonar (que lota as aulas de spinning mundo a fora).
Reduz o colesterol e serve como ajuda ao melhor funcionamento do intestino. (enfezada? relaxe e...)
Fortalece nosso sistema imune servindo portanto de ajuda no combate a gripes, resfriados e outras viroses.
No homem, previne o câncer de próstata e auxilia no tratamento da ejaculação precoce.

Além disso, faz bem a "alma", quando feito com carinho, amor, respeito e amizade estreita vínculos, permite intimidade e sentimentos únicos.

Sexo, como tudo na vida, tem consequências. Estas variam desde a benção da mater(pater)nidade até o fardo da AIDS, portanto, sexo seguro, ou nenhum sexo!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bombing for peace...



Estamos já há alguns anos em guerra civil. Recentemente essa guerra se escancarou. Toda guerra envolve em algum grau a disputa pelo poder, a maior parte (se não a totalidade) dos confrontos possui uma motivação econômica. Questões sociais costumam fazer parte da complexidade de uma guerra civil.

Como já expus aqui em 07/04, no post "Após os temporais": A crise é o momento que permite que tudo mude. As reflexões e os diálogos que estes momentos nos proporcionam, se soubermos aproveitá-los, podem ser o primeiro passo para as mudanças. Mesmo dentro de todo o meu otimismo e olhar um tanto quanto "Pollyana" sobre a vida confesso que tenho dúvidas se estamos caminhando para um futuro melhor. A verdade é que eu fiquei muito assustada com isso tudo, inicialmente com os barulhos de helicópteros, sirenes, tiros, granadas e companhia limitada, mas quando passou o susto inicial mudou o fator desencadeador do meu medo. Agora eu estou aterrorizada com a população do Rio de Janeiro. Como as pessoas são fascistas! Eu não sei se este termo está sendo bem aplicado neste contexto, mas foi o melhor que eu consegui para me expressar. A quantidade de comentários cruéis que eu escutei nos últimos dias não está no gibi. E o pior é que as pessoas não conseguem nem perceber que o discurso delas defende a utilização dos meios que elas mesmas criticam para acabar a fonte desse meio. Basicamente o que as pessoas dizem é: "Bom, eu preciso acabar com essa violência... tenho que acabar com esse problema... hum! Já sei! Vamos matar todos os "caras maus" e vai ficar tudo bem!"
Não!
Além de hipócrita isso é de um simplismo absurdo. Trata um complexo problema social que congrega em suas raízes razões das mais distintas fontes, reduzindo-o as suas consequências, ao invés de enxergá-lo pelas suas diversas causas para tentar abordá-las e assim contribuir para reais mudanças. Mudanças estruturais.
Soma-se a isso o fato de que todo o cidadão tem direito a vida e que esta deve ser respeitada. É incrível, vivemos em um país que não tem na sua constituição o absurdo que é a pena de morte mas as pessoas acreditam que podem decidir sobre a existência ou não de outros seres humanos, que podem dar um fim a vida alheia. Acho uma grande ironia (no mínimo) essas formas de pensamento serem tão difundidas naquele que é um dos maiores países católicos do mundo...

Nos últimos dias a imagem daquela menina americana com aquele cartaz que dizia: "Bombing for peace is like fucking for virginity" tem vindo muito a minha mente.

A tirinha aí de cima é do André Dahmer, de uma forma espirituosa e curta ele conseguiu expressar o que eu tive dificuldades para expor de forma "marrom" usando incontáveis palavras a mais. Por isso que é bom poder citar o outro!

O endereço do site das tirinhas dele é: www.malvados.com.br
Vale a pena, bom humor e traços bacanas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Animação 3D - Use camisinha - AIDS



Seguindo o clima do post anterior, videozinho criativo para fortalecer a idéia da prevenção.

Talvez não deva ser visualizado por crianças.

Safe sex or no sex


Apesar de a maior matéria da capa do Globo de hoje ser sobre as grandes possibilidades do Fluminense ser o campeão deste Brasileiro, o que mais me chamou atenção como botafoguense e estudante da saúde, foi a notícia de que o papa afirmou que o uso da camisinha é aceitável em certas situações.

No blog Balaio do Kotcho há um texto no qual o autor questiona o efeito prático de tanto barulho feito em torno da manifestação papal acerca do uso do preservativo.

Particularmente vejo isso como um avanço benéfico para o mundo. Apesar da Igreja Católica não ter mais a força que um dia teve, tal afirmação iniciou debates sobre este importante tema ao redor do mundo. Nas Filipinas, país mais católico da Ásia, o comentário foi visto como um avanço pelos governantes. Em Montevidéo também, assim como em diversos outros lugares do planeta. E, convenhamos, finalmente parece que os olhos estão se abrindo para uma realidade.

Quando o papa faz uma afirmação como esta, abre a possibilidade de avanço em importante questão de saúde pública. Até pouco tempo atrás a Igreja afirmava que o vírus da AIDS poderia passar pela camisinha, que ela era permeável a ele, e teve muita gente achando que isso era verdade. Isso era um enorme desserviço a população mundial.

Soma-se a isso o fato de ele incluir as prostitutas no seu discurso, vendo como benéfico o uso do condom por elas, em uma atitude de humanização da igreja, no sentido de perceber os outros e suas escolhas, respeitá-las, e querer o seu bem. Isso é respeito e amor ao próximo saindo da pregação e passando para a atitude.

Não sou católica, mas percebo o impacto que a Igreja ainda tem no mundo. Mas, ainda que não houvesse impacto direto sobre a população, esse tipo de declaração permite o diálogo, abre para o debate, coloca esta importante questão em voga. E isso é muito válido, principalmente quando falamos de uma pandemia.

Aqueles que querem evitar filhos tem algumas formas para este fim, mas quem quer evitar contaminar-se tem apenas duas: o uso da camisinha ou a abstinência sexual. Atualmente me parece que a maioria da população em idade reprodutiva não se priva de sexo e nem o posterga, então é importante que se protejam.

Não tenho a intenção de discutir valores, hábitos ou as escolhas de cada um, apenas acredito que tais escolhas não podem ser prejudiciais.

Para os sexualmente ativos a camisinha é a única forma de prevenção das DSTs, das quais destaco a AIDS, por não ter cura, apenas controle, a hepatite B por não haver forma de combate direto ao agente da doença, e o HPV por estar diretamente ligado ao câncer de colo. De qualquer forma, independente da cura, acho que "ninguém merece" uma gonorréia ou uma sífilis! Aliás, gonorréia... o nome por si só é nojento!

Para os católicos, cristãos, judeus, agnósticos, muçulmanos, protestantes e todos os demais: cubram o menino! Fica a dica!
E aproveitemos a brecha aberta pelo papa para iniciarmos mais debates, diálogos e sermos agentes da conscientização.

O uso de preservativo é um ato de amor e respeito consigo e com o parceiro.
Para evitar que o momento da colocação corte o clima, basta treinar como colocar e fazer com que isso seja parte da brincadeira. Colocar a camisinha pode ser sensual, basta treinar e deixar a criatividade fluir. Além disso, hoje existem milhões de tipos de preservativos: mini, maxi, com sabor, com textura, colorida, que brilha no escuro, e por aí vai! Não importa o tipo, o que importa é usar.

Vale lembrar: a camisinha deve ser usada durante todo o ato sexual, e em qualquer forma de relação (anal, oral, vaginal e outras que existam que por acaso eu desconheça!) só pode ser utilizada uma única vez, e deve-se sempre estar atento ao prazo de validade. Além disso, cuidado ao abrir o pacotinho na hora da empolgação para não rasgar... Melhor evitar abrir com a boca.

Vistam os meninos! Cubram as cabeças!

PS:. Parabéns pro meu papai que faz anos hoje, tudo de mais maravilhoso do mundo para ele, pessoa que eu tanto amo! E ainda bem que ele não usou camisinha 9 meses antes do 4/12/85, se não eu não tava aqui! =D

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

All you need is love

Estou fazendo o final do meu internato na enfermaria pediátrica do Hospital Federal de Bonsucesso.

Lá pude aprender, dentre outras coisas, como muitas vezes as internações são mais sociais do que por motivos de doença.

Temos uma paciente de 10 anos internada por razões patogênicas sim (aliás, um caso um tanto quanto complicado), mas, que também tem fortes questões sociais. Essa menina parece ter sofrido maus tratos pelo pai, não faço a menor idéia do que acontece com a sua mãe, o que sei é que ela, com seus 10 anos de idade, recebe apenas visitas esporádicas de sua avó. Para quem não sabe, crianças tem sempre direito a acompanhantes em suas internações, não estão restritas a visitas, podem ter sempre um familiar com elas.

Nunca tive uma paciente tão carinhosa. Não tenho muita prática, não tenho muita experiência, mas, dentro do pouco que vivi, essa fofa se destaca sem dúvidas. Quando chego para examiná-la, ela (que não fala mas interage bem com o examinador), faz uma festa! Me puxa, me abraça, me beija, e, as vezes, pede para que eu coce suas costas. Adora que eu pegue o hidratante e passe nela, ou que dê para que ela passe. Tem um reloginho de pulso roxo que ela adora usar, e gosta também de colorir. E sempre quando eu tenho que deixá-la para seguir com minhas obrigações parte-se um pedaço do meu coraçãozãozinho, pois ela nunca quer que eu vá.

Essa menina me mostra a cada dia a importância do amor. De receber, sem dúvida, mas, principalmente, de dar. A importância das relações, do carinho e do respeito. A importância de um atendimento humanizado e individualizado para um prognóstico positivo das doenças. E, mais do que isso, como devemos tratar todos bem, com respeito, com leveza, com educação, aquela história que a Igreja prega de "amor ao próximo". E olha que da última vez que eu chequei eu era uma pessoa agnóstica.
Sem dúvida esta mocinha com o amor que vem recebendo da equipe que a acompanha, vem apresentando consideráveis melhoras. E com o amor que vem distribuindo por lá ela vai tocando diversas pessoas, bem como meu tocou, de diversas formas distintas, conferindo a estas um novo ponto de vista, uma nova direção no caminho para a evolução ou qualquer coisa parecida que as pessoas busquem em suas existências.
Preciso aqui destacar e elogiar a equipe de enfermagem da pediatria do HGB. Elas são as pessoas que mais acompanham e, com maior proximidade, os pacientes internados. Atendem com muito carinho aquelas crianças, e nesses "casos sociais" que lotam aquele lugar, são elas quem compram xampú, sabonete, hidratante, etc, para a higiene dessas crianças.
Tem também voluntários que fazem visitas e levam presentes, além dos doutores da alegria, que são palhaços que vão a enfermaria para fazer espetáculos e contar histórias para as crianças.

É muito triste ver alguém tão jovem, tão despreparado, tão indefeso, tão inocente sem o seu porto-seguro principal (a família) para ofertar estabilidade em qualquer momento da vida, em especial nos momentos difíceis como são as internações. Mas, como costumo fazer com tudo na vida, tento focar no lado bom e notar como, se a gente souber olhar, até mesmo num lixão uma flor pode nascer.

Eu também dou um plantão as quartas feiras, como acadêmica (lógico), num pronto-socorro infantil do SUS em São Gonçalo. Ontem eu atendi um menino institucionalizado, a mãe dele morreu de câncer, o pai mora no Espírito Santo e ele não conhece. Ele me disse que a coisa boa que tinha na vida dele era que a avó dele em breve iria adotá-lo.

Para essas, e todas as crianças eu desejo tudo de bom do mundo, que tudo corra bem, que o amor que algumas pessoas ofertam a elas possa permitir a recuperação, a abertura de portas, e uma vida próspera, longa e boa.
Para os adultos que as cercam eu deixo a mensagem que a música dos Beatles enfatiza bem: All you need is love. E desejo que as pessoas possam ter a clareza da importância e do impacto que suas atitudes tem.

Com muito amor,
Valentina

PS:. O título é link para um vídeo bom dos Beatles de All You Need Is Love

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chimamanda Adichie: The danger of a single story

Como descrito pela genial pessoa que me enviou: Food for thought.

É um vídeo longo, quase 19 minutos, mas que vale muito a pena.

Quem quiser assistir ao vídeo com legenda pode acessá-lo pelo link (basta clicar no título do post).

Medicina, clinicar, SUS e O Pequeno Príncipe


Para uma pessoa romântica, devota do impossível, do abstrato, com tendência idealista ou poética, que olha para si no sentido de enxergar o ser humano, que compreende que nada que é humano é simples, e que mergulha nesta complexidade-subjetiva, entendendo que subjetivo é algo relativo ao subjectum, do latim, sujeito, para alguém assim, existem, ao meu ver, duas formas de exercer a medicina.

A primeira é em uma micro escala. Na forma que atende cada um de seus pacientes. É basicamente a aplicação daquelas coisas que todos nós podemos fazer todos os dias nas nossas relações, mas, na execução de um trabalho que envolve MUITAS interações humanas. É praticar conhecimento técnico-científico com percepção da unidade corpo-mente, com o conhecimento de que cada ser-humano é único, e que como tal, reage de maneira própria as adversidades da vida. A partir de tudo isso, é adequar o seu tratamento e seu comportamento com o outro de maneira a fazer do processo saúde dele o mais otimizado possível.

A segunda é em uma macro escala. É trabalhar para que o direito a saúde de cada cidadão seja respeitado. É compreender que para a execução de tal justiça necessitamos da prestação de serviços de qualidade, e que para isso, é necessário trabalhar para que a primeira forma descrita de prática seja difundida.
Para se obter êxito no trabalho público deve-se afastar um pouco do individual, porém nunca completamente, para que se possa conhecer suas dificuldades e descobrir suas saídas, pelo menos, de parte delas.
Para clinicar propriamente é necessário que se tenha uma administração pública que permita isso.

Para que se atinja saúde em massa, é necessário encará-la literalmente como uma massa, isso viabiliza o conhecimento dos perfis mais comuns e, consequentemente, a criação de estratégias para sua melhor abordagem. Mas não se pode esquecer que uma massa de pessoas não é homogênea, existe "a tal" da individualidade.

A execução romântica deste, bem como de qualquer trabalho, necessita de uma força motriz: o desejo de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrou. Coisa de Miss? Talvez... Mas e daí? O Pequeno Príncipe é maneiro prá caramba!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Doação de órgãos


No panfleto da XII Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos vem escrito assim na capa: "INFORMAÇÃO, A MAIOR AMIGA DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. Doe Órgãos!" E isso me trouxe a reflexão de quantas pessoas perdem a possibilidade de receber um órgão por ignorância alheia. Resolvi então fazer esse post.

Eu converso com muitas pessoas sobre essas questões "doacionais", e sei que tem muita gente que não tem o desejo de doar nada por um apego ao corpo. Particularmente, sei que quando a minha hora chegar, este aqui de nada mais me servirá, logo, melhor que sirva a alguém. Mas, eu entendo que essas coisas que envolvem corpo, mente, vida e morte mexam muito com a cabeça das pessoas. Noto também que muitas pessoas consideram esquisito o fato de "continuar existindo" no corpo de outra pessoa, e se questionam sobre o tipo de impacto que isso tem. Por considerar impossível entrar neste mérito sem entrar na questão da fé, e por considerar que esta seja algo indiscutível (ou se tem, ou não se tem, não é uma questão de debate), evito a polêmica, fazendo deste post, bem como o último, mais informativo.

1 - COMO SE UM DOADOR DE ÓRGÃOS:
Para ser um doador de órgãos nenhuma burocracia é necessária. Basta o diálogo com familiares, deixando bem claro este desejo. Não há necessidade de deixar nenhum documento assinado, os órgãos somente são doados com a autorização expressa dos familiares. Caso a pessoa tenha manifestado o desejo de doar os órgãos para os familiares em vida, mas estes não assinem o termo de doação no momento da morte dela nada acontece aos órgãos dessa pessoa, já que os familiares não concordaram com a doação.

2 -MORTE ENCEFÁLICA x COMA x ESTADO VEGETATIVO PERSISTENTE:
Morte encefálica, comumente conhecida como morte cerebral, ocorre quando há morte das células cerebrais, é a perda IRREVERSÍVEL das funções vitais, que mantém a vida, ou seja, perda da consciência e da capacidade respiratória, significando que o indivíduo está morto. O coração permanece batendo por pouco tempo e é neste período que os órgãos podem ser utilizados para transplante. Trauma craniano e derrame cerebral podem causar parada irreversível do encéfalo (morte), mas a respiração é mantida por aparelhos e o coração continua batendo por algumas horas, fazendo o sangue circular por outros órgãos (rins, fígado, pulmões, etc.). Estes podem ser doados para outras pessoas através de uma cirurgia de transplante.
O coma é uma lesão cerebral grave, mas as células cerebrais continuam vivas, a pessoa está desacordada e pode ser REVERSÍVEL, portanto o paciente NÃO É DOADOR DE ÓRGÃOS.
No estado vegetativo persistente o paciente tem uma lesão cerebral, permanece em coma por meses ou anos, mas mantém a capacidade de respirar.
CASO um indivíduou em coma ou estado vegetativo persistente evolua para quadro de morte encefálica (que é irreversível), ele poderá se tornar um doador.

3 - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE MORTE ENCEFÁLICA E COMA:
Diferenciar estes dois diagnósticos não é difícil baseado simplesmente em um exame clínico. Esse processo é frequente e muito seguro no Brasil, que possui um dos protocolos de morte encefálica mais rígidos do mundo. Aqui, a morte encefálica precisa ser constatada e registrada por dois médicos especialistas não participantes de equipes de captação e transplantes, mediante utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina (ver legislação dos transplantes ). É admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato da comprovação da morte encefálica.

4 - ÓRGÃOS, COMÉRCIO E SEQUESTRO:
Qualquer manifestação de compra e venda de órgãos é CRIME. Segundo a associação brasileira de transplante de órgãos (ABTO) informa, NENHUM TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS É REALIZADO NO BRASIL SEM O CONHECIMENTO DAS CENTRAIS DE TRANSPLANTES das Secretarias de Estado de Saúde, portanto esta possibilidade não ocorre. Doação é um ato de livre e espontânea vontade e de amor ao próximo. Além disso a ABTO também relata que o transplante é uma operação muito delicada, realizada apenas em centro cirúrgico de hospitais especializados e que os órgãos são distribuídos para estes hospitais pelas centrais de transplantes, portanto, as notícias veiculadas principalmente por correio eletrônico de que pessoas são sequestradas e tem seus órgãos roubados são completamente infundadas e apenas prestam desserviço `a população.

5 - DOAÇÃO EM VIDA X DOAÇÃO APÓS A MORTE:
A doação em vida é permitida apenas nos seguintes casos:
-Órgãos duplos ou partes de órgãos, cuja retirada não cause transtornos à vida do doador;
- Quando não há grave comprometimento das aptidões vitais e da saúde mental;
- Quando não causa mutilação ou deformidade inaceitável.
Os exemplos mais comuns são: doação de um dos rins, de parte do fígado ou de parte do pulmão.
A doação após a morte divide-se na doação com o coração batendo, que permite a transferência de coração, fígado, rins, pulmão, pâncreas, córneas, pele, ossos, valva cardíaca e intestino, e na doação com o coração parado, que permite apenas a transferência de córneas, pele, valvas cardíacas e ossos.

6 - SOBRE OS RECEPTORES:
São receptores os pacientes que estão na Lista Única de Transplantes. É necessário seguir o tempo de espera e a compatibilidade sangüínea entre o doador e o receptor. Para alguns órgãos, também é necessário que haja compatibilidade HLA. Cada vez que surge um doador, é feita a seleção dos possíveis receptores, considerando, sobretudo, a ordem cronológica de inscrição na Lista Única, que corresponde ao tempo de espera para o transplante. Para órgãos sólidos, considera-se também grupo sangüíneo, peso e altura do doador, o que é dispensável para o transplante de tecidos. Assim, o mais antigo nem sempre será o primeiro a receber o órgão. O doador realiza alguns exames sorológicos para afastar infecções, tais como, HIV e hepatite B e C. Se algum exame for positivo, as equipes transplantadoras podem selecionar receptores portadores da mesma infecção, mesmo que esses não sejam os primeiros da Lista. O receptor selecionado pode não ser transplantado devido a falta de condições clínicas temporárias, ou por não ter sido localizado pela equipe. Desta forma, o transplante será realizado no próximo paciente da Lista, sendo garantida a mesma posição daquele que foi preterido desta vez.

7 - SOBRE O CORPO DO DOADOR:
A retirada de órgãos é um procedimento cirúrgico muito delicado que não causa mutilação do corpo. São retirados apenas os órgãos para ser transplantados, como se fosse uma cirurgia de rotina, após, o corpo é liberado aos familiares para o sepultamento.

8 - CUSTOS DA DOAÇÃO:
Não há nenhum custo envolvido em todo o processo para os familiares. Quem arca com todas as despesas é o SUS.


Informações sobre doação de órgãos e tecidos:


Disk Saúde 0800 61 1997

Sistema Nacional de Transplantes (61) 3306-8212

ABTO (11) 3283-1753 / 3262-3353

Site da ABTO: http://www.abto.org.br/

Guia SUS RJ: http://portal.saude.rj.gov.br/Guia_sus_cidadao/pg_82.shtml

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Audioteca Sal e Luz - UTILIDADE PÚBLICA!



Audioteca Sal e Luz
Rua Primeiro de Março, 125- 7o andar, Centro- RJ. CEP 20010-000
Fone: (21) 2233-8007

Horário de atendimento: 08:00 às 16:00 horas

http://audioteca.org.br/noticias.htm

A AUDIOTECA SAL E LUZ é uma instituição filantrópica que produz e empresta audiolivros gratuitamente.
Os audiolivros permitem deficientes visuais e cegos a experiência da leitura, que, na minha opinião, é muito importante para a existência de alguém. Permite viagens sem sair do lugar, sem custo, sem ajuda de ninguém. Exercita o cérebro, instiga a curiosidade, instrui, permite acesso a instituições de ensino, informa, desenvolve raciocínios,... enfim, facilita a vida, nos tirando da sobrevivência.

A AUDIOTECA SAL E LUZ tem um acervo com mais de 2.700 títulos que vão desde literatura em geral, passando por textos religiosos até textos e provas corrigidas voltadas para concursos públicos em geral que são emprestados em diferentes mídias, K7, CD ou mp3.

Muito legal, né?!

O governo ajuda financeiramente este trabalho, porém, para que a ajuda seja mantida a instituição precisa mostrar resultados, eles precisam atingir um número significativo de associados, que realmente contemplem o trabalho, caso contrário ele será extinto.

Para ter acesso ao acervo basta se associar na sede, na Rua Primeiro de Março, 125, Centro, RJ. Não precisa ser morador do Rio de Janeiro! Devido a dificuldade de locomoção de cegos pela nossa cidade eles também podem solicitar o livro pelo telefone (2233-8007), escolhendo o título pelo site (http://audioteca.org.br/noticias.htm), e será enviado GRATUITAMENTE pelos Correios.

É muito importante divulgar esse tipo de informação! Tenho certeza de que o serviço não tem pouca procura por falta de interesse nele, mas sim, pela falta de conhecimento de sua existência! Divulguem!


Audioteca Sal e Luz
Rua Primeiro de Março, 125- 7o andar, Centro- RJ. CEP 20010-000
Fone: (21) 2233-8007

Horário de atendimento: 08:00 às 16:00 horas

http://audioteca.org.br/noticias.htm

Seria tão mais fácil se o que fosse necessário para as coisas funcionarem no mundo fosse divulgação, boa vontade, conversa, e não dinheiro...

Será????

sábado, 19 de junho de 2010

Doação de Medula Óssea


Tem entre 18 e 55 anos? Cadastre-se!

A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que fica dentro dos ossos, é o "tútano". Na medula são produzidos os componentes do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. Ela é rica em células tronco, essas células são simplesmente células "iniciais", ou seja, aquelas com capacidade de se diferenciar em diversos tipos de células dependendo do estímulo que receberem.
Medula óssea não é a mesma coisa que medula espinhal, a medula espinhal é formada por tecido nervoso e fica dentro da coluna. Sua função é transmitir os impulsos nervosos.

As células do sangue tem uma duração, um tempo de vida, por isso são produzidas constantemente. As hemácias que alguém tem hoje não são as mesmas do começo do ano, por exemplo.

A doação de medula não é igual a de sangue, ela precisa de uma compatibilidade de genes, então, ninguém chega lá e simplesmente doa.

O indivíduo voluntário vai ao centro de coleta, preenche uma ficha com alguns dados, após isso é coletado um pouquinho, pouco mesmo, 5 ml de sangue, e aí os genes serão mapeados.

Tudo vai para um banco de dados, os registros de doadores coletados em todo o Brasil formam o Registro de Doadores de Medula (REDOME), unificado.

É muito difícil achar pessoas compatíveis, por isso, quanto mais gente, melhor.

Um indivíduo que necessite da doação terá a busca efetuada inicialmente no REDOME e, caso não seja encontrado doador compatível, a busca é estendida para os registros de todo o mundo, que estão integrados em um mesmo universo para consultas, chamado Bone Marrow Donors Worldwide (BMDW).

Caso seja encontrada compatibilidade entre um doador e um potencial receptor, eles entram em contato para que possam ser feitos novos exames com o intuito de confirmar a compatibilidade e o perfeito estado de saúde do doador. Sendo compatível e estando em bom estado de saúde, o voluntário é consultado sobre a doação. Mesmo que tenha o cadastro e tudo, ninguém é obrigado a doar.

Caso queira, vai prá doação propriamente dita.

A doação também é diferente de uma doação de sangue normal, é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e precisa de internação de um dia. O procedimento é rápido e simples. É feita uma punção na medula na região da bacia e então tira-se um pouco do conteúdo por aspiração.
Existe um outro jeito de fazer, que é pela veia, precisa tomar um remédio antes por 5 dias, mas não sei quais são os critérios para fazer um ou o outro e acredito que o primeiro seja mais comum.

Extrai-se aproximadamente 10% da medula. Dentro de poucas semanas a quantidade já está recomposta no doador.

A doação de medula não limita o doador em absolutamente nada, ele não perde a sua medula. Uma medula funcionante é renovável, ela "se procria", então o seu corpo repõe o que você perdeu. Não é como no caso de um rim, que o doador perde o órgão. As células que ficaram (+ ou - 90% do que existia antes da doação) vão se replicar, reconstituindo, portanto, a sua medula.

Os riscos para o doador são poucos e são relacionados a um procedimento que necessita de anestesia. No caso é feito (como em qlqr procedimento cirurgico anestesico) um risco pré-operatório, que é praticamente nulo para um jovem saudável.

Mesmo dentro de uma família é difícil encontrar compatibilidade. Devido a mistureba do povo brasileiro, a procura pelo doador ideal é dificultada, por isso, um número cada vez maior de pessoas que queiram doar facilita o encontro de medulas compatíveis. A chance de se encontrar uma medula óssea compatível no Brasil hoje é de 1 em 1milhão. Com uma maior quantidade de pessoas cadastradas esse número pode mudar.

É um procedimento muito simples. E pode permitir a vida de alguém.

Quem precisa de transplante de medula são pessoas com produção anormal de células sanguíneas, normalmente causada por um câncer no sangue (as leucemias), e portadores de aplasia de medula. Por exemplo, na anemia aplástica a medula do doente não produz as células do sangue. Já a leucemia é um tipo de câncer que afeta as células de defesa, os leucócitos, tanto na função quanto na velocidade do crescimento. Para muitas dessas pessoas o transplante de medula é A esperança de cura.

Respeito pensamentos e decisões individuais a cerca dos seus próprios corpos, é claro, mas informo aquilo que julgo válido, importante e útil. Meu cadastro de medula já está feito.

Se quiserem se informar melhor:

http://www.hemorio.rj.gov.br/

http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=64

Listo abaixo endereços e telefones de hemocentros em todo o Brasil, e quem estiver em condições de doar sangue/plaquetas pode aproveitar e fazer isso no mesmo dia que for fazer o cadastro!

Ah! No dia 22/06, de 09:00-16:00 em frente a biblioteca do CCS no Fundão vai ter uma equipe do HEMORIO cadastrando doadores.

No dia 27/06, de 09:00-14:00 no CIB, em Copacabana, haverá uma equipe do HEMORIO cadastrando doadores.

REGIÃO NORTE
Amazonas
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Amazonas - HEMOAM
Av. Constantino Nery , 4397 - Chapada - Manaus
CEP: 69.055-002
Telefone: (92) 3655-0100
Pará
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará - HEMOPA
Trav. Padre Eutiquio, nº 2109 - Batista Campos - Belém
CEP: 66.033-000
Telefone: (91) 3242-9100 / 6905

Acre
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Acre - HEMOACRE
Av. Getúlio Vargas, nº 2787 - Vila Ivonete - Rio Branco
CEP: 69.914-500
Telefone: (68) 3228-1494

Amapá
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Amapá - HEMOAP
Av. Raimundo Álvares da Costa, s/nº - Centro - Macapá
CEP: 68.908-170
Telefone: (96) 3212-6139 / 3223-6289

Rondônia
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Rondônia - HEMERON
Av. Circular II, s/nº - Setor Industrial - Porto Velho
CEP: 78.900-970
Telefone: (69) 3216-5489 / 9957-3000

Tocantins
Centro de Hemoterapia e Hematologia de Tocantins – HEMOTO
Quadra 301 Norte - Conj. 02 Lt.1 - Palmas
CEP: 77.030-010
Telefone: (63) 3218-3285

REGIÃO NORDESTE

Bahia
Centro de Hematologia e Hemoterapia da Bahia - HEMOBA
Av. Vasco da Gama, s/nº Rio Vermelho - Salvador
CEP: 40.240-090
Telefone: (71) 3116-5600 / 3116-5661

Alagoas
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Alagoas - HEMOAL
Av. Jorge de Lima, nº 58 - Trapiche da Barra - Maceió
CEP: 57.010-382
Telefone: (82) 3315-2106 / 3315-2102

Sergipe
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Sergipe - HEMOSE
Av. Trancredo Neves, s/nº - Centro Adm. Gov. Augusto Franco - Aracaju
CEP: 49.080-470
Telefone: (79) 3259-3191

Paraíba
Centro de Hematologia e Hemoterapia da Paraíba - HEMOÍBA
Av. D. Pedro II, 1119 - Torre - João Pessoa
CEP: 58.013-420
Telefone: (83) 3218-7610

Maranhão
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão - HEMOMAR
Rua 5 de Janeiro, s/nº - Jordoa - São Luis
CEP: 65.040-450
Telefone: (98) 3216-1100 / 0800-280-6565

Rio Grande do Norte
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Rio Grande do Norte - HEMONORTE
Av. Almirante Alexandrino de Alencar, 1800 - Tirol - Natal
CEP: 59.015-350
Telefone: (84) 3232-6702 / 3232-6767
Fax: (84) 3232-6703

Piauí
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí - HEMOPI
Rua 1º de maio, 235 - Centro - Teresina
CEP: 64.001-430
Telefone: (86) 3221-4927 / 3221- 4989
Fax: (86) 221-7600

Pernambuco
Centro de Hematologia de Pernambuco - HEMOPE
Rua Joaquim Nabuco, 171 – Graças – Recife
CEP: 52.011-900
Telefone: (81) 3416-4723

Ceará
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará - HEMOCE
Av. José Bastos, 3.390 – Rodolfo Teófilo - Fortaleza
CEP: 60.440-261
Telefone: (85) 3101-2296

REGIÃO SUDESTE

Rio de Janeiro
Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti - HEMORIO
Rua Frei Caneca, 8 – Centro – Rio de Janeiro
CEP: 20.211-030
Telefone: (21) 2509-1290

Instituto Nacional de Câncer - INCA
Praça da Cruz Vermelha, 23 – 2º andar – Centro – Rio de Janeiro
CEP: 20.230-130
Telefone: (21) 2506-6580

Espírito Santo
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo - HEMOES
Av. Marechal Campos,1468 - Maruípe - Vitória
CEP: 29.040-090
Telefone: (27) 3137-2458 / 3137-2463 / 2438

Hemocentro Regional de São Mateus
Av. Otovarino Duarte Santos, km. 2, s/nº - Parque Washington – São Mateus
CEP.: 29930-000
Telefone: (27) 3773-7226

Minas Gerais
Fundação HEMOMINAS
Alameda Ezequiel Dias, 321 – Centro – Belo Horizonte
CEP: 30.130-110
Telefone: (31) 3248-4515 / 3248-4516

Hemocentro Regional de Juiz de Fora
Rua Barão de Cataguases, s/nº – Centro
CEP.: 38015-370
Telefone: (32) 3216-3000

São Paulo
Santa Casa de Misericórdia
Rua Marquês de Itu, 579 – Vila Buarque – São Paulo
CEP: 01221-001
Telefone: (11) 2176-7000 / 0800-167-055

Hemocentro Regional de Ribeirão Preto
Rua Tenente Catão Roxo 2501 – Monte Alegre
CEP: 14.051-140
Telefone: (11) 3963-9300

Hemocentro Regional de Marília
Rua Lourival Freire, 240 - Fragata
CEP: 17.519-050
Telefone: (14) 3402-1868 / 3402-1866

Hemocentro Regional de Campinas
Rua Carlos Chagas, 480 – Hemocentro da Unicamp
CEP: 13.083-878
Telefone: (19) 3788-8740

Núcleo de Hemoterapia de Franca
Av. Dr. Hélio Palermo, 4181 – Santa Eugênia
CEP.: 14409-045
Telefone: (16) 3727-3666

Hospital de Câncer de Barretos - Fundação Pio XII
Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 - Dr. Paulo Prata
Telefone: (17) 3321-6600

Hemonúcleo Hospital Universitário de Taubaté
Av. Granadiero Guimarães, 270
CEP.: 12020-130
Telefone: (12) 3633-4422 – ramal: 7623 / 7593

Hemocentro São José do Rio Preto
Av. Jamil Feres Kfouri, 80 – Jardim Panorama
Telefone: (17) 3201-5151 / 3201-5078

REGIÃO SUL

Rio Grande do Sul
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Rio Grande do Sul - HEMORGS
Av. Bento Gonçalves nº 3.722 - Partenon - Porto Alegre
CEP: 90650-001
Telefone: (51) 3336-6755 / 3336-2843

Hemocentro Regional de Santa Rosa
Rua: Boa Vista, 401, Centro
CEP.: 98900-000
Telefone: (55) 3511-4343

Santa Catarina
Centro de Hemoterapia e Hematologia de Santa Catarina - HEMOSC
Av. Othon Gama D’eça, 756 Praça D. Pedro I - Centro – Florianópolis
CEP: 88015-240
Telefone: (48) 3251-9711 / 3251-9712 / 3251-9713

HEMOSC Chapecó
Rua São Leopoldo – Quadra 1309 – Esplanada
CEP: 89.811-000
Telefone: (49) 3329-0550

HEMOSC Criciúma
Av. centenário, 1700 – Santa Bárbara
Cep. 88.804-001
Telefone: (48) 3433-6611

HEMOSC Joaçaba
Avenida XV de Novembro, 49 – Centro
Cep. 89.600-000
Telefone: (49) 3522-2811

HEMOSC Joinville
Av. Getúlio Vargas, 198 - anexo ao Hospital Municipal São José
Cep.: 89.202-000
Telefone: (47) 3433-1378

HEMOSC Lages
Rua Felipe Schmidt, 33 – Centro
Cep. 88501-310
Telefone: (49) 3222-3922

Posto de Coleta de Tubarão
Rua Rui Barbosa, 339 – anexo a Gerência de Saúde
Fone: (48) 3621-2405

Paraná
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná - HEMEPAR
Travessa João Prosdócimo, 145 – Alto da Quinze - Curitiba
CEP: 80060-220
Telefone: (41) 3281-4000 / 4051

Hemocentro Regional de Cascavel
Rua Avaetés, 370 – Santo Onofre
CEP.: 85806-380
Telefone: (45) 3226-4549

REGIÃO CENTRO-OESTE

Distrito Federal
Fundação Hemocentro de Brasília
Hospital Base - SMHN Quadra 101 - Bloco A - Mezanino
CEP: 70.335-900
Telefone: (61) 3325-5055

Mato Grosso
HEMOMAT Centro de Hemoterapia e Hematologia de Mato Grosso
Rua 13 de junho, nº 1055 – Centro - Cuiabá
CEP: 78.005-100
Telefone: (65) 3321-4578

Mato Grosso do Sul
HEMOSUL Centro de Hemoterapia e Hematologia do Mato Grosso do Sul
Av. Fernando Correia da Costa, nº 1304 – Centro – Campo Grande
CEP: 79.004-310
Telefone: (67) 3312-1500 / 3312-1502

Goiás
Centro de Hemoterapia e Hematologia de Goiás - HEMOG
Av. Anhanguera, 5195 - Setor Coimbra - Goiânia
CEP: 74.535-010
Telefone: (62) 3201-4570 / 3201-4574

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Em ritmo de Copa!


A morte súbita no esporte é algo que ganha espaço considerável na mídia quando ocorre com atletas profissionais.

Atletas profissionais, teoricamente, símbolo de saúde.

Teoricamente, afinal, os craques que nos fazem questionar se são crack ou cocaína, deixam claro quanto a teoria pode se distanciar da prática em determinados casos.

A morte súbita relacionada ao exercício e ao esporte (MSEE) é um evento raro, e, normalmente previsível. Diversas são as causas que podem culminar nele, e, distinguem-se basicamente em dois grupos: aquelas que acomentem indivíduos abaixo dos 35 anos, e aquelas que ocorrem acima desta faixa etária.

A diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte sobre MSEE frisa a importância de exames clínico e complementares prévia a participação de indivíduos envolvidos em prática de exercícios. Isso se justifica pois, como já exposto anteriormente, a maioria dos casos deste evento fulminante ocorre por razões detectáveis e, consequentemente, previníveis.
Além disso a SBME agrega importância a existência de uma boa infra estrutura do ponto de vista médico nos locais de treinamento e competição para um pronto atendimento em situações emergenciais.

O sedentarismo traz prejuízos a saúde por diversas razões, e isso é tão dito hoje em dia que já se tornou senso comum. Por isso, muitos são aqueles que acreditam estar investindo na vida longa (ou ao menos estão diminuindo sua crise de consciência) com aquela pelada no final de semana. MAS, eu advirto agora: A prática de exercícios extenuantes eventuais pode ser extremamente prejudicial a saúde!

O corpo dos chamados "atletas de fim de semana" não está preparado para realizar uma determinada intensidade de trabalho. Assim, o exercício se torna um gatilho de um evento cardíaco, que pode, inclusive, ser a morte súbita.

Além disso, os benefícios a saúde não são alcançados para aqueles cuja prática de exercícios não é regular. Não dar sequência ao trabalho iniciado não melhora a condição física.

Como fugir do sedentarismo?

Bom, para os indivíduos que gostam de se exercitar, a resposta é simples: Procure a atividade mais prazerosa, e faça dela um hábito!
Mas, para aqueles que não gostam de fazer exercícios e se armam de desculpas para evitá-los, fica aqui a dica:
Pequenas atitudes podem transformam qualquer um em alguém mais saudável. Optar pela escada em vez de utilizar o elevador, estacionar o carro um pouco mais distante e caminhar, dispensar o controle remoto são algumas possibilidades.

A caminhada é o exercício físico mais recomendado pelos médicos. Sua prática ideal é de no mínimo 30 minutos cinco vezes por semana. Diferentemente da corrida, este esporte não costuma sobrecarregar os joelhos, já que o impacto é reduzido. Inicie com 5 minutos, e vá aumentando conforme sua disposição. Ninguém sai do zero e vai para 100 de um dia para o outro.

É importante manter uma ingesta de água antes, durante e após os exercícios.

Aqueles que pretendem deixar o sedentarismo de lado devem consultar um médico antes do início da prática, para que ele possa avaliar as possibilidades individuais, auxiliando na escolha da atividade mais adequada, e, reduzindo a possibilidade de eventos fulminantes.

Aproveitem a Copa do Mundo, inspirem-se! Não deixem a pelada do final de semana de lado, mas, agreguem a ela caminhadas diárias! Ou, outra atividade prazerosa! O importante é se mexer!

Aqueles que não tem a intenção de modificar o estilo de vida, pretendem continuar como atletas de final de semana, sugiro o futebol de botão ou o totó no lugar da pelada! =D

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Pena


De acordo com o "Seu Houaiss", pena é:
1 - sanção aplicada como punição ou como reparação por uma ação julgada repreensível; castigo, condenação, penitência.
1.1 - JUR sanção prevista pelo legislador e aplicada pelos órgãos jurídicos competentes
2 - profundo sofrimento; aflição
3 - sentimento de pena com relação a alguém, a si mesmo ou alguma coisa; compaixão, dó
4 - desgosto recolhido cujas marcas transparecem no semblante, nas palavras; tristeza, amargura, pesar
...
Além de um monte de outras coisas, inclusive aquelas estruturas ceratinizadas que revestem o corpo de uma ave. =D

Duas folhas prá frente e o seu Houaiss me define penitenciária:
JUR estabelecimento em que, sob sistema penitenciário, recolhem-se as pessoas condenadas a penas de privação de liberdade, para que ali as cumpram.

A etimologia da palavra esclarece mais um pouco, penitenciária vem de penitência + ária. Penitência é remorso, arrependimento por um erro que se cometeu. O sufixo -ária, de uma maneira simplificada, está relacionado com lugar, logo, penitenciária pode ser entendido como o local onde se vive o arrependimento do erro cometido.

Não sou uma profunda conhecedora do nosso sistema penitenciário. Mal sou superficial conhecedora dele, na verdade. Mas me peguei pensando sobre as "coincidências" (não sei se acredito em coincidências) da pena. Pena é a punição que alguém recebe por ter tido uma conduta fora dos padrões estabelecidos pela ordem local. E ao mesmo tempo é aquele sentimento que dói no coração e na barriga de quem sente, na minha opinião um dos piores de sentir. Acho-o tão ruim que evito ao máximo experimentá-lo, se é que é possível se evitar um sentimento, mas, que me preenche toda vez que reflito a cerca das prisões nacionais.

Sinto pena de quem está na prisão cumprindo pena.

Sou romântica e otimista, mas sei que não posso afirmar que todos os cárceres são vítimas da sociedade, da realidade, da conjuntura.

Tenho fé nas pessoas, acredito na educação, e sei que, ao contrário do que muitos afirmam, as pessoas mudam. Estar vivo é estar em movimento. Penso também que nunca é tarde para mudar ou começar algo, tarde demais talvez seja simplesmente um momento que não se deseja viver.

Muitas pessoas cometem delitos por falta de educação. Sem educação dificilmente haverá oportunidades boas de carreira para seguir. Além disso, a auto estima baixa que a ausência do estudo pode conferir a alguém afasta o pensamento de capacidade. Soma-se a isso a ignorância, o desconhecimento de que existem muitos caminhos. Seres humanos vivem em contextos, seus contextos são a sua realidade.

As condições em uma cadeia são horríveis. Desumanas. Além do que, ser privado de sua liberdade é, na minha opinião, uma das piores coisas que se pode experimentar. Estar preso é, de certa forma, morrer. Uma morte social. E como toda morte, é eterna, afinal, o sistema penitenciária não oferece mecanismos viáveis e funcionais de reinserção dos indivíduos na sociedade.

O assunto é extremamente complicado, por isso muito difícil de disertar sobre, todavia minha pretensão aqui não é dar soluções simples de curto prazo, mas sim atentar para a importância das reflexões, dos diálogos a cerca do tema, para que as ações possam começar a surgir.

Acredito que uma instituição de pena para adultos deveria prover condições de VIDA - friso, VIDA e não sobrevivência - dignas e humanas. Além disso, seria de grande utilidade a existência de cursos técnicos profissionalizantes, ferramentas passíveis de uso para quando o preso retornar a liberdade, necessitando recomeçar sua vida.
Oficinas de vídeo, produção de texto, culinária, dentre outras, com profissionais das áreas seria uma forma de lazer que serviria para elevar a auto estima e a percepção de que existem outros caminhos. Digamos, por exemplo, que um preso nunca escreveu uma crônica. Aliás, ele nunca sequer leu uma. Mas ele não perde um jogo de futebol do seu time do coração, ou melhor, não perdia.
Na prisão ele frequenta a oficina da palavra, além de aulas de português, literatura, e técnicas de texto, cronistas bem sucedidos são convidados para ministrar algumas palestras.
Esse cárcere vai descobrir a existência de João Saldanha, por exemplo, vai ler os textos dele, e vai produzir as suas próprias crônicas de futebol com os jogos e experiência que estão na sua memória.
Não, ele não precisa sair dali e virar um cronista. Mas ele vai descobrir algumas coisas: pode-se viver de escrever. Leitura pode ser agradável, e pode ser sobre qualquer coisa, e, talvez o mais importante, ele tem capacidade de escrever.
Ao perceber que ele pode fazer algo que anteriormente nunca pensou talvez perceba que é hábil para fazer o que quiser, e que existe mais um monte de coisas que ele também nunca pensou. Isso eleva a percepção de si mesmo.
Soma-se a isso o fato de que, para produzir seus textos estará revivendo seus momentos alegres com sua paixão do lado de fora, isso faz bem.

Não, não acho que é simples assim. Sei que "o buraco é mais embaixo", que existem diversas questões dentro da temática.

Os reacionários de plantão diriam logo que eu idealizo uma prisão na qual é bom estar. Que preso tem mais é que se dar mal. Bandido bom é bandido morto. Que o cara é um safado e eu querendo que ele aprenda a escrever crônicas... e por aí vai. Aos que seguem mais ou menos essa linha de raciocínio deixo Cecília Meireles falar por mim:

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dia Mundial Sem Tabaco






Desde 1987 a OMS articula com 192 países a comemoração do dia mundial sem tabaco (31/05), definindo um tema ligado ao tabagismo, com o objetivo de atrair a atenção de todo o mundo sobre esta epidemia e as doenças e mortes evitáveis a ela relacionadas.

Este ano a idéia é colocar a atenção nos efeitos maléficos do "marketing tabágico" sobre as mulheres e meninas ("Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres").
As ações visam a alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino e acerca dos males que seus produtos causam à saúde dessa população e ao meio-ambiente.
Eles também destacam a necessidade de se banir toda a propaganda, promoção e patrocínios da indústria tabagista. Claro que sempre respeitando as constituições e princípios constitucionais dos países.

O número de homens fumantes ainda é maior do que o de mulheres, mas o sexo feminino cresce cada vez mais nas estatísticas.

Por que a OMS, o INCA, e diversas outras organizações sérias e respeitadas em saúde conferem tamanha importância o tabagismo?

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes.

O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos) (WHO, 2003).

No site do INCA sobre tabagismo tem um texto muito, muito interessante sobre os jovens e as mulheres na mira da indústria do tabaco. Vale muito a pena:
http://www.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=jovem&link=namira.htm
Nesta publicação eles citam, e inclusive disponibilizam em pdf, os artigos secretos da indústria do tabaco, que são oriundos de documentos internos de grandes multinacionais do tabaco, revelados durante uma ação judicial movida por estados norte-americanos contra elas. Nestes documentos crianças e jovens são descritos como "reservas de reabastecimento".

E por que o foco nas mulheres? Mais uma forma de machismo fantasiado de qualquer outra coisa?

Eu não acho. Com a rápida alteração de seu papel social, esta fatia da população tornou-se um dos alvos prediletos da publicidade e da indústria do tabaco, que passou a imprimir ao "tubinho de câncer" uma imagem de emancipação e independência.

Estudos confirmam: hoje as meninas experimentam cigarros em maior proporção do que os meninos.
Ainda que a população de homens fumantes seja maior do que a de mulheres, a população de mulheres fumantes cresce mais do que a de homens.

Além disso, os malefícios nas mulheres tem particularidades próprias ao sexo. A mulher fumante tem maior risco de infertilidade, câncer de colo do útero, menopausa precoce e sangramento irregular. Além disso, as gestantes fumantes correm mais risco de sofrerem abortos, terem filhos prematuros, pequenos para a idade gestacional, com disfunções pulmonares, e a lista continua. A interação de anticoncepcional hormonal com o tabaco aumenta as chances de trombose e AVC.

Agora que já veiculei alguma informação importante sobre o tema, vou deixar uma dica de um filme: Obrigado por fumar. Assistam, é alimento para o pensar, até por que um bom filme é uma forma excelente de se refletir para poder debater.

Clima de documentário e comédia, é engraçado, inteligente, toca em assuntos polêmicos que dificilmente escapariam de um tom panfletário de uma maneira muito audaciosa. Exige do telespectador um certo gosto pelo sarcasmo. Além de provocar boas reflexões, provoca excelentes risadas.

Aqui tem uma crítica do filme que eu gostei:
http://omelete.com.br/cinema/critica-obrigado-por-fumar/

Espero que assistam e que gostem.

domingo, 2 de maio de 2010

Siga o seu coelho.

"De perto ninguém é normal." - Caetano Veloso, Vaca Profana

Não gosto muito de Caê! (Pronto. Começo logo dando uma razão para meio mundo me chamar de ignorante para baixo.) Valorizo o trabalho do homem, claro, mas não sou uma grande admiradora de sua obra, tampouco (muito menos seria mais bem aplicado) de sua pessoa. Mas dentre tantas coisas que ele já disse, essa frase da música Vaca Profana, é das mais inteligentes já proferidas pelo indivíduo em questão.

De perto ninguém, ninguém! é normal. Claro que existem aqueles que de longe já demonstram seu "anormalismo". Normal, normal...

Se ninguém é normal, quer seja de perto, quer seja de longe, podemos concluir que o normal, anormal é, e o anormal deve, portanto, ser normalíssimo.

Aqueles que, como eu, questionam sua lucidez frequentemente, encontram nessas palavras alguma paz. De perto ninguém é normal, nem eu.

A percepção do ser como único e individual vai de encontro com essa frase.
Por exemplo, a temperatura de 37ºC, nem considerada febre pelos médicos, é capaz de deixar o meu avô delirando. Isso é dele, e não adianta buscar tal conhecimento em livro algum, pois para ter o saber das partcularidades de cada um deve-se ter conhecimento prático com os indivíduos. De perto, não há padrão. Quando o conhecimento sobre o outro migra da superfície para as profundezas do ser percebemos: É muito difícil tentar desvendar alguém a partir do padrão estabelecido tendo como base uma massa.

O que é uma doença? Uma doença é um conjunto de sinais e sintomas oriundos de uma alteração da homeostasia. Então, basicamente, ao longo dos anos médicos foram juntando alterações comuns em indivíduos distintos, aglomerando-as e catalogando-as para poder dar um nome e um tratamento.

Hoje em dia as doenças da moda (e os remédios da moda) são as psiquiátricas.
Terminou um namoro com alguém que amava verdadeiramente e não quer sair da cama? Deve ser depressão! Foi demitido e não sabe como vai sustentar seus filhos? Talvez uma fluoxetina ajude você a seguir em frente...
NOT!
Sofrer é normal. Ou seria anormal? Enfim, experimentar sentimentos nem tão agradáveis, e por vezes completamente desagradáveis, faz parte dessa longa jornada que é a vida (bregão!). Isso facilita a compreenssão das coisas, e, consequentemente, de nós mesmos. E assim permite que nós consigamos seguir em frente, e no futuro lidemos melhor com os eventos indesejados que surgirão. Sim, eles continuarão surgindo sempre!

A excessiva veiculação na mídia das doenças psiquiátricas unida a ausência de interesses legítimos dos médicos, veio como um grande disserviço a população mundial do século XXI.
Com diagnóstico extremamente subjetivo e seus nomes na boca do povo, as doenças psquiátricas acabaram sendo banalizadas e levaram consigo suas drogas para a banalização.

Talvez, se Lewis Carroll vivesse hoje e contasse a um médico as diversas coisas que se passavam em sua mente, teria sido medicado, dopado, adormecido, e exerceria uma profissão qualquer ao invés de canalizar a sua "loucura" para o papel e produzir obras que ficariam como herança para a humanidade.

Aliás, Lewis Carroll foi um exemplo, mas poderia citar ainda, Salvador Dali, Picasso, Einstein, dentre muitos. Dizem que a linha que separa a genialidade da loucura é muito fina. Talvez em alguns casos a diferença não seja necessariamente o lado da linha que se está, mas sim o que se faz neste lugar.

Não quero aqui desmerecer as doenças psiquiátricas e tampouco seus tratamentos. Quero apenas lembrar que cada caso é um caso, e que devido a individualidade de cada um, merecem atenção e tratamento personalizados e não protocolados.

A filosofia clínica, ramo da filosofia que descobri recentemente, fala (dentre várias coisas, obviamente) que as pessoas tem formas distintas de expressar suas emoções. Pode ser falando, pintando, desenhando, compondo, cozinhando, e a lista continua. Concordo. E acho um máximo alguém ter descrito tal percepção.

Tanto esta percepção quanto a frase de Caê são totalmente óbvias. Mas as coisas óbvias, muitas vezes, ficam de lado, não recebem atenção, e portanto, quando ditas, se tornam grandes sacadas!

"Common sense is the least common of all the senses"

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vicodin?


Medicina vende. ponto.

Basta perceber na televisão a quantidade de seriados médicos. Independente da emoção que eles passem ao telespectador: felicidade, tristeza, intriga, medo, ..., todos estão unidos por algo em comum: a rotina médica.
Questiono a razão de tanto "voyeurismo". Talvez tenha raiz comum com a sabedoria popular de que "de médico e louco, todo mundo tem um pouco".

Certa vez fui a Mauá, e lá li em uma doceria um papel com ditos populares modificados, parodiados, por assim dizer. Eu tinha 13 anos. Lembro-me de apenas um até hoje: "de médico e louco, todo mundo já está de saco cheio."

Essa excessiva dramatização da rotina médica nos leva a uma realidade na qual a população acredita que conhece uma rotina por acompanhá-la na televisão, deixando de lado o antigo conhecimento de que ficção é ficção; vida é vida. Apesar de uma imitar a outra (fica a questão de quem é o imitador, e quem é o imitado), alhos sempre serão alhos, e bugalhos, bugalhos até a morte!

É muito interessante. Não é raro se ver uma consulta médica na qual o paciente apresenta uma queixa para o examinador, este escuta a queixa, conversa com o doente, examina-o por completo,... Tá, percebo. Eu menti, isso é sim raro. Entretanto, vamos supor que existimos em um mundo no qual a prática médica seja amplamente exercida da forma descrita a cima. Depopis de feito o supracitado, o clínico chega a um diagnóstico cujo tratamento é: boa alimentação, prática diária de exercícios, boas horas de sono, ingesta esporádica de bebidas alcóolicas, abolição do fumo,... basicamente: adoção de hábitos de vida saudáveis. Ou ainda, em um caso mais agudo, a antiga receita da vovó para uma virose: vitamina C e cama.
O queixoso vai para casa decepcionado e insatisfeito: Poxa, não me passou nem um remedinho?!

As pessoas querem acreditar que a cura para seus problemas, para as suas questões, encontra-se em drágeas que devem ser consumidas sob posologia prescrita por outrém (nem esta responsabilidade querem para si.). Haja vista a atual epidemia de doenças psicofundamentadas.
Também temos os mais radicais, que optam pela cirurgia. Para que dieta e consciência corporal? Para que atividade física? Recorramos a faca. Os fins justificam os meios. Mal sabem eles que os fins estéticos não são a causa da prática da saúde, mas sim, consequência dela.

Em meio a isso tudo temos a indústria farmacêutica. Pausa para reflexão. Será que sobreviverei a este post?

Não tenho a pretensão de aqui fazer grandes revelações, ou mesmo extinguir a temática. Aliás, não vou nem emitir minha opinião sobre o assunto. Lidemos apenas com fatos.
Enquanto indústria, depende de pesquisa. Para isso necessita de dinheiro. Como não é amplamente financiada pelos governos mundiais, o comércio, mediado pela propaganda, torna-se o meio de retorno para tal investimento inicial. Mas não em micro escala como um revendedor de móveis e eletrodomésticos, mas sim em uma macro escala da indústria do capital.
Não a toa o estudo inédito "Painel da Indústria Farmacêutica" (PIF), apresentado pela Business School de São Paulo (BSP - sentiu o drama?!), mostrou que a consolidação da IF deve se intensificar nos próximos anos, o meio para tal fim seria mudanças na estratégia geral de aquisição de concorrentes. Basicamente, fusões. Bem como os bancos. Itaú/Unibanco não me deixa(m) mentir.

Um dia tentei explicar para uma criança de menos de quatro anos o significado de uma palavra através do uso do seu oposto.
Se hoje essa criança me perguntasse: "Quêquí cê tá escrevendo?" Eu responderia: "O contrário de simples."

O Vicodin do House começa a fazer mais sentido.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Após os temporais...



As 11:17 de hoje, dia 07/04, oglobo.globo.com noticia que já são 104 mortos no Rio de Janeiro em consequência desta tempestade.

Muito triste. Estou bastante abalada com toda a situação. Eu e toda a cidade.

Todavia, ficar pensando nas coisas ruins não as tornam melhores. E, é justamente nestes momentos críticos que surgem as possibilidades da construção de um caminho direcionado a um futuro melhor.

Crise:
do elemento complementar grego "Krisis": "turning point" em uma doença (usada desta maneira por Hipócrates e Galeno); Literalmente: julgamento, ação ou faculdade de distinguir, ação de escolher, separar decidir, julgar.

Do verbo grego "krino": separar, decidir, distinguir, discernir (dentre vários outros sentidos), cujo radical foi usado na segunda metade do século XIX para designar as glândulas ditas endócrinas (que secretam seus elementos diretamente no sangue), sendo depois utilizada em outros termo médicos como exócrina, apócrino, heterócrino, holócrino, mesócrino.

Do PIE (família das línguas que inclui grande parte das linguas da Europa moderna - o inglês entre elas - e também algumas existentes e extintas no sul e oeste asiático. Presume-se que todas compartilhem um ancestral comum, PIE - sigla em inglês), *krei, distinguir, discriminar.

É. A crise é o momento que permite que tudo mude.

Diz-se que a filosofia surgiu de uma crise. A que os gregos enfrentaram durante a sua expansão marítima ao encontrarem povos que nunca tinham ouvido falar em Zeus, Atena, Apolo,..., e que tinham outras explicações para tudo aquilo que eles justificavam com a mitologia.

Acho que todos nós, cidadãos do mundo, temos que rever nossas atitudes, nossos conceitos, nossa vida, tudo! Afinal, tantos desastres naturais ao redor do mundo em tão curto espaço de tempo, não pode ser sem razão. É consequência da forma que vivemos e tratamos o planeta.

OK. E o que eu posso hoje, agora, através de um blog fazer para tentar melhorar essa situação do Rio?

Infelizmente não temos como voltar atrás para evitar o que se passou com as vítimas dos desabamentos, o que se pode fazer é evitar novas vítimas, mas não só do desabamento.

Vamos evitar as vítimas da lepstospirose, hepatites A e E, doenças diarreicas, dengue, febre tifóide, cólera e tétano.
As inundações e as chuvas podem levar a surtos de muitas doenças. Como evitá-las?

A leptospirose, as hepatites A e E, as doenças diarreicas e a febre tifóide ocorrem mais comumente em áreas onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. Podem ser adquiridas pela ingestão de água e alimentos contaminados pelas inundações (leptospirose , hepatites, doenças diarreicas, febre tifóide e cólera) ou através do contato direto das pessoas com a água e a lama das enchentes (leptospirose).

A leptospira (bactéria causadora da leptospirose) é eliminada através da urina de animais, especialmente o rato de esgoto, e sobrevive no solo úmido e na água. Sabendo disso é fácil concluir que as inundações facilitam o contato da bactéria com os seres humanos. Ela pode penetrar no organismo pelo contato da pele e das mucosas com a água e a lama das enchentes. Além disso as pessoas também podem ser contaminadas através da ingestão (já que as inundações podem contaminar a água de uso doméstico e os alimentos). Quando ocorrem, as manifestações aparecem em um intervalo de 2 a 30 dias após a infecção. Suas manifestações iniciais devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente e são clinicamente indistinguíveis das da dengue.

As chuvas, e não as inundações, podem facilitar a ocorrência de dengue, uma vez que o acúmulo de água relativamente limpa em qualquer recipiente (vasos de plantas, latas, pneus velhos etc.) permite a proliferação do Aëdes aegypti.

A hepatite A é causada por um vírus, sua transmissão é fecal-oral, podendo ocorrer por meio da ingesta de água e alimentos contaminados ou de um ser-humano para outro. Em regiões onde o saneamento básico é precário ou ausente esta infecção é muito comum mesmo na ausência de inundações, por isso, a maioria da população desses locais já foi infectada quando criança e hoje tem imunidade contra a doença. Em crianças a hepatite A é comumente assintomática ou tem manifestações discretas.

A hepatite E tem transmissão e evolução semelhantes às da hepatite A, porém está mais associada a inundações.

A Salmonella typhi, bactéria causadora da febre tifóide, é adquirida pela ingestão de água e alimentos contaminados. Durante as inundações não parece haver risco significativo de epidemias, uma vez que para ocorrer a infecção é necessário ingerir uma grande quantidade de bactérias que, provavelmente, são "diluídas" pela grande quantidade de água. Todavia, pode haver contaminação de poços, sistema de abastecimento e de alimentos, com proliferação da bactéria subsequentemente, possibilitando a ocorrência de casos.

O tétano é causado pela contaminação de ferimentos com o Clostridium tetani, uma bactéria que é encontrada normalmente no solo, no esterco, na superfície de objetos. Os transtornos causados pelas enchentes (remoção de entulhos e lama etc.) podem ser fatores facilitadores para ferimentos. Pode parecer que a vacinação em massa contra o tétano seja uma medida útil, mas ela pode surtir efeito contrário ao criar uma falsa sensação de segurança. Uma pessoa que nunca tenha sido vacinada não ficará imunizada contra o tétano com apenas uma dose.
A profilaxia do tétano será feita mais adequadamente em uma Unidade de Saúde, uma vez que envolve cuidados com o local do ferimento e depende da história de vacinação. Se o indivíduo nunca tiver sido vacinado ou estiver com o esquema vacinal incompleto pode ser necessário que, dependendo do tipo de ferimento, além dos cuidados com o local do ferimento e da vacina, receba também imunização passiva (imunoglobulina antitetânica ou, na sua falta, soro antitetânico). Em adultos não vacinados, o esquema completo é feito com três doses. Vale lembrar que o esquema não é suficiente para conferir imunidade, as pessoas devem receber a dose de reforço a cada dez anos.

Outro problema de saúde ligado à contaminação da água são as doenças diarréicas agudas. Essas doenças apresentam, como sintomas, vômito, diarréia e febre (mais comum nas crianças). A diarréia oferece o risco de desidratação. A perda excessiva de líquidos pode até mesmo levar a pessoa à morte. Por isso as seguintes medidas são recomendadas: tomar muito líquido, utilizar o soro caseiro e procurar um profissional de saúde, evitando a automedicação.

Enquanto a leptospirose é uma preocupação imediata, a dengue tem um risco prolongado, visto que deve gerar preocupações ainda por muitos meses. Quando a inundação acabar os ratos voltam para seus "lares", os esgotos, e os seus xixis e leptospira voltam com eles, já as fêmeas dos mosquitos Aedes podem deixar muitos ovos pela cidade.

A profilaxia mais efetiva para todas estas doenças é feita através do tratamento correto da água e da preparação adequada de alimentos. Ingerir apenas água filtrada ou fervida é mandatório! Lavar bem os alimentos antes de consumí-los também. No intuito de evitar (mais) uma nova epidemia de dengue é importante que a população retire a água de todos os locais que ela esteja armazenada e feche possíveis reservatórios. Medidas básicas de higiene como lavar as mãos após utilizar o banheiro e antes das refeições devem ser parte da rotina de qualquer indivíduo. Quem tiver sido vacinado contra o tétano há 10 anos ou mais deve fazer o reforço.

Mudando de assunto, mas continuando no mesmo, acho que um evento como esse é um alerta para a necessidade da saúde pública caminhar junto com as reformas urbanísticas da cidade. Nada é separado, nada existe sozinho, as coisas coexistem.

"Tudo que existe existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo."

Fernando Antônio Nogueira Pessoa - Livro do Desassossego


Fontes:
dicionário Houaiss
portal.saude.gov.br
cives.ufrj.br/
noticias.uol.com.br
oglobo.globo.com/plantao
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/drama-no-rio/ - foto
http://www.etymonline.com/

domingo, 4 de abril de 2010

Carta de Noel Rosa a Edgar Graça Mello

Belo Horizonte, 27 de janeiro de 1935

Meu dedicado médico e paciente amigo Edgar.
Um abraço.
Se tomo a liberdade de roubar mais uma vez seu precioso tempo, é porque tenho certeza de que você se interessa por mim muito mais do que eu mereço.
Assim sendo, vou passar a resumir as notícias que se referem à marcha do meu tratamento.
E, para amenizar as agruras que tal leitura oferece, resolvi fazer uso das quadras que se seguem:

Já apresento melhoras:
Pois levanto muito cedo
E... deitar às nove horas
Para mim, é um brinquedo!

A injeção me tortura
E muito medo me mete;
Mas... minha temperatura
Não passa de trinta e sete!

Nessas balanças mineiras
De variados estilos
Trepei de várias maneiras
E... pesei cinqüenta quilos!

Deu resultado comum
O meu exame de urina.
Meu sangue: - noventa e um
Por cento de hemoglobina.

Creio que fiz muito mal
Em desprezar o cigarro:
Pois não há material
Pra meu exame de escarro!

Até agora, só isto.
Para o bem dos meus pulmões,
Eu, nem brincando desisto
De seguir as instruções.

Que meu amigo Edgar
Arranque deste papel
O abraço que vai mandar
O seu amigo
Noel.


Sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista brasileiro, Noel Rosa foi um dos grandes nomes da música brasileira.

Hoje é extremamente comum em grandes metrópoles de todo o mundo vermos "meninos do asfalto" fazerem a conexão com a cultura do "morro". Noel Rosa foi vanguarda nesta história. O Hip Hop estado-unidense que se propaga hoje por todo mundo é uma outra versão (mais moderna, com uma maior amplitude - globalização tá aí!) do que Noel viveu e fez com o samba no final dos anos 20 e nos 30.

Perdemos esse grande artista precocemente, em 1937, com 26 anos, vítima da tuberculose.

O mais recente post do blog "saúde e etc" (http://saudeeetc.blogspot.com/) é uma explicação curta, simples e bem esclarecedora do que é esta velha doença, que, nos dias de hoje, ainda reúne esforços do MS e da OMS na intenção de diminuir suas vítimas. O impacto da tuberculose no mundo atualmente ainda é tão grande que existe uma organização voltada apenas para tentar freá-la, a Stop TB.

O MS veicula na mídia um importante recado: TOSSE POR UM PERÍODO IGUAL OU SUPERIOR A TRÊS SEMANAS ININTERRUPTAS PODE SER TUBERCULOSE, quem apresenta este sintoma deve procurar um profissional de saúde para auxílio. A intenção de passar este conhecimento para a população é aumentar a detecção dos casos de tuberculose permitindo, portanto, seu tratamento. Essa é uma grande arma contra essa doença, mas não a única.

Um grande problema que fundamenta a ainda elevada prevalência da tuberculose é o abandono do seu tratamento.

A tuberculose tem um tratamento muito demorado (no mínimo seis meses), mas o paciente começa a sentir-se bem ao final de algumas semanas do seu início. Quando sente-se bem, a importância dada ao ato de medicar-se reduz consideravelmente, principalmente mais de uma droga, mais de uma vez por dia, por vários meses, e neste momento muitos abandonam o tratamento. Esse abandono do tratamento pode induzir a resistência bacteriana as drogas, fato que justifica o aparecimento de cepas resistentes ao tratamento no mundo todo. A seleção de bacilos resistentes culmina em uma doença muito mais difícil de tratar.

A ADESÃO AO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE É ALGO MUITO IMPORTANTE! PARA O INDIVÍDUO CONTAMINADO E TAMBÉM PARA TODO O MUNDO! AS BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES NO FUTURO INFECTARÃO OUTRAS PESSOAS.

O tratamento da tuberculose é gratuito e está disponível nas unidades de saúde pública do País. A rede privada não oferece atendimento para doença, e os medicamentos não podem ser comprados em farmácias.

Importante: Existe muita controversa com relação a eficácia da BCG (vacina da marquinha do braço que proteje contra a TB). Atualmente o mais aceito é que ela proteja contra as formas graves da doença, portanto mesmo aqueles que foram vacinados contra a doença podem desenvolvê-la.



Último Desejo

"Nosso amor que eu não esqueço, e que teve o
seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete, sem retrato e sem bilhete,
sem luar, sem violão
Perto de você me calo, tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo mas meu último desejo
você não pode negar
Se alguma pessoa amiga pedir que você
lhe diga
Se você me quer ou não, diga que você
me adora
Que você lamenta e chora a nossa separação
Às pessoas que eu detesto, diga sempre que eu não
presto
Que meu lar é o botequim, que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida que você pagou pra mim"

Noel Rosa

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tim Maia, chocolate, o tráfico de drogas e a educação em saúde!


-O Senhor aceita um cafezinho?
-Não! Eu quero chocolate!

- Que seja com alto teor de cacau, Tim!

Tim Maia, figuraça(AÇA!) da música brasileira, tinha o costume de chamar o haxixe (resina extraída das folhas e inflorescências do cânhamo, cujo uso é muito comum no Oriente) de chocolate.
Quem leu a biografia do cantor, como eu, sabe disso. Quem não leu, recomendo, é um excelente entretenimento.

Estava no trânsito, pensando sobre o meu post anterior: chocolate, Tim Maia, haxixe, tráfico de drogas, Rio de Janeiro, vida... Surgiu na minha cabeça este post.

Fazer uma conexão do impacto do tráfico de drogas na saúde pública não é trabalho nenhum para qualquer morador de uma grande cidade do mundo como o Rio de Janeiro. Mas, normalmente, se pensa no impacto das drogas na saúde dos indivíduos. Os inúmeros malefícios que o uso rotineiro de tais substâncias podem acarretar nos organismos e suas consequências para o sistema de saúde.
Mas eu estava pensando em outra coisa...

O comércio ilegal das drogas e armas é enorme, diariamente vários cidadãos estão envolvidos em tais atividades. Esse é o seu trabalho, é de onde tiram o seu sustento, o que lhes permite viver. Viver por pouco tempo, visto que a expectativa de vida neste ramo comercial é baixíssima. Encontrar um traficante com mais de 30 anos é tão difícil quanto comprar alcóol em gel num surto de gripe suína ou repelente em uma epidemia de dengue aqui na Cidade Maravilhosa.
Como qualquer carreira, esta é uma escolha de um cidadão, e quem opta por seguí-la, provavelmente, não vê na morte precoce um problema. Tudo isso abre margem para inúmeras reflexões e (acaloradas) discussões por si só, e eu sei que estou sendo um pouco taxativa e simplista com algumas afirmações, mas isso é só para que eu consiga chegar no meu ponto, não posso contemplar tudo que o tema permite em um único post. Então vamos lá.

Tenho certeza de que tal vida efêmera tem um impacto enorme na saúde pública. Na saúde coletiva. Na saúde da cidade. Principalmente no que diz respeito as doenças infecto-contagiosas, em especial aquelas sexualmente transmissíveis.

Quando se fala em saúde pública se fala em prevenção.
Prevenir o que? Bom, se estamos falando de um coletivo devemos nos focar nas doenças mais comuns e que são as maiores responsáveis pelas mortalidade e mortandade de uma cidade. Dessas podemos destacar, por exemplo, o diabetes e a hipertensão arterial, que acometem grande parte da população e tem duras consequências a longo prazo. Hábitos de vida saudáveis podem prevenir (em parte) essas doenças, e isso se atinge através da conscientização da população, da educação. Porém, essas doenças (bem como outras) não são relevantes na população supracitada pela faixa etária de prevalência.

Diferentemente destas, as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) tem a sua maior incidência entre os jovens. Dentre estas patologias destaco a AIDS e a hepatite B, por ainda não terem cura, e o HPV por ser diretamente ligado a virtualmente todos os casos de câncer de colo uterino.
A forma de se prevenir as DSTs é a mesma para todas: CAMISINHA! Algo prático e gratuito (o governo distribui e o acesso é fácil). Mas, mesmo assim, nem todo mundo usa, e isso também é tema para inúmeras reflexões e debates calientes.

O grande problema das DSTs (quando se fala em coletivo) é que, diferentemente da H.A.S., as pessoas contaminam outras. Não é uma doença que um indivíduo tem e "é problema dele", é problema nosso, visto que um portador coloca algumaS pessoaS em um grupo de risco.
Mas, apesar da diferença na propagação, a solução é a mesma da pressão alta: conscientização da população, educação.

É aqui que todo o meu texto vai se unir. Tcharãn!

Por que um indivíduo que não se importa em morrer antes dos 30 devido a sua atividade laboral se importaria em contrair uma doença que o mataria dentro de 10, 20, 30, 40 anos?

OK, ele vai ingerir muito sal, fumar muitos cigarros, comer muita gordura trans, levar uma vida sedentaria e beber até cair todos os dias de sua vida, sem nunca ver a hipertensão chegar. Nem a cirrose e nem o câncer de pulmão, porque para isso ele teria que viver mais. Sem problemas.

Mas, mais uma vez, estas doenças não são transmitidas de um indivíduo para outro.

E as DSTs?

Provavelmente ele já terá morrido em exercício de sua profissão antes da hepatite falir o seu fígado, ou da AIDS tornar seu sistema imune fraco demais para vencer uma "gripe boba". Todavia suas parceiras provavelmente terão uma vida mais longa e outro(s) parceiro(s).

O transmissor, que não se preocupou e tampouco sofreu as consequências de uma infecção, deixou para sua viúva um câncer de colo em 15 anos. Uma outra viúva contaminou seu namorado seguinte com o HIV, este rapaz era "saidinho" e contaminou aproximadamente 20 outras mulheres. Uma delas se casou, teve filhos, todos HIV positivo. E por aí vai...

Quando se fala em doenças infecto-contagiosas uma pessoa contaminada abre uma gama de possíveis contaminações grande, e cada nova pessoa contaminada abre um novo espectro, aumentando progressivamente os possíveis (e prováveis) novos infectados.
Agora eu retomo a minha questão.
COMO?
Como se conscientiza alguém a cuidar de sua saúde, de sua vida, se esta é algo que o indivíduo em questão valoriza de uma forma tão distinta da população para qual as campanhas de educação estão voltadas?

Como eu poderia responder a essa pergunta se tenho uma visão de mundo tão distinta daquela que IMAGINO que o grupo de pessoas ao qual me refiro tenha, visto que o valor que imprimimos as coisas é completamente influenciado pelo meio no qual vivemos.

Mas se o objetivo é atingir muitas pessoas não adianta apenas pensar e falar com valores próprios.

Aliás, como não se reduz a visão de mundo de uma pessoa, a uma visão de mundo de um grupo de pessoas? Claro que o meio é importante, mas ele não é tudo. Existe um fator pessoal muito importante no que diz respeito a pensamento. Óbvio? Tenho minhas dúvidas...

Aqui na "cidade maravilha purgatório da beleza e do caos" muitos cidadãos trabalham com o tráfico. Saber como conscientizá-los, como educá-los em termos de práticas de saúde, principalmente no que diz respeito as doenças que tem o homem como vetor, é algo muito importante para uma cidade mais saudável.

Paulo Freire disse que "ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo", complemento isso com outra frase dele, "Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto".

Quem sabe um dia (se a minha vida seguir esse caminho), com experiência prática de saúde pública, de prevenção, eu tenha um esboço de resposta para essa e tantas outras questões.

Enquanto isso não acontece, se alguém tiver algo a dizer, é só postar.

quarta-feira, 31 de março de 2010

É de chocolate!


Por de trás do arco-íris além do horizonte
Há um mundo encantado feito pra você
Onde o sonho colorido mora atrás do monte
Quero te levar comigo quando amanhecer
Vou te mostrar que é de chocolate
De chocolate o amor é feito
De chocolate choc choc chocolate bate o meu coração
Choc choc choc choc choc choc chocolate
Choc choc choc choc choc é de chocolate
E numa casinha de biscoito e de sorvete
Você vai me esperar a cada anoitecer
Brigadeiro, rocambole e doce de leite
É só você tomar cuidado pra não derreter
Vou te mostrar que é de chocolate
De chocolate o amor é feito
De chocolate choc choc chocolate bate o meu coração
Choc choc choc choc choc choc chocolate
Choc choc choc choc choc é de chocolate
La la la la...

Duvido muito que na época da composição desta música a Xuxa (?) soubesse dos benefícios das substâncias fenólicas (contidos no chocolate amargo) ao coração, mas, ela acertou. De chocolate, choco, choco, chocolate (também) bate o nosso coração! Em clima de Páscoa, vamos lá!

Os flavonóides do chocolate são a epicatequina e o ácido gálico, que são antioxidantes. Uma substância antioxidante é aquela que combate os radicais livres, como por exemplo as vitaminas A, C e E.

Os radicais livres, como o nome diz, são livres, estando disponíveis para reações químicas que podem ser a causa ou agravadores de condições como envelhecimento das céluas, Mal de Alzheimer (e outras demências), câncer, diabetes, tensão pré menstrual, endometriose, catarata, ateroesclerose, HAS, depressão, e a lista continua...

Os flavonóides contidos nas versões escuras do chocolate diminuem a chance de coagulação do sangue, principal causa de derrames e ataques do coração.

Outro poderoso antioxidante é o polifenol, encontrado em abundância no chocolate amargo. Esse composto mostrou-se eficaz no combate à hipertensão, um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares

Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, feito por pesquisadores da Universidade de Colônia, na Alemanha, atestou que duas barras pequenas de chocolate amargo por dia podem baixar a pressão arterial de pessoas portadoras de H.A.S, diminuindo a chance de suas complicações.
O estudo foi feito da seguinte forma: Pacientes com idades entre 55 e 64 anos que não recebiam tratamento medicamentoso para a pressão foram acompanhados por duas semanas pelos médicos. Terminado o período foi registrada uma queda de cinco pontos na pressão sistólica (a maior) e de quase dois pontos na diastólica! Viva o chocolate!

Outro estudo, publicado pela revista Nature e feito por pesquisadores da Universidade de Glasgow e do Instituto de Pesquisa em Alimentos e Nutrição da Itália, concluiu que o consumo de chocolate amargo por homens e mulheres saudáveis com idades entre 25 e 35 anos aumentou em até 20% a quantidade de substâncias antioxidantes circulantes no corpo, previnindo, portanto, danos as artérias coronárias! Viva o chocolate!

Fernanda A. Pimentel desenvolveu um estudo comparativo entre um chocolate desenvolvido, não comercial (com 71% de cacau, cujo liqueur de cacau era extremamente rico em polifenóis e flavonóides), com chocolates comerciais meio amargos contendo 50%, 70%, 72%, 86% e 99% de cacau, e chocolates comerciais branco, ao leite e meio amargo. O chocolate especialmente desenvolvido para o estudo demonstrou menor quantidade de polifenóis em relação as amostras comerciais de chocolate amargo, porém, similar quantidade de flavonóides. Quando comparado aos chocolates branco, ao leite e meio amargo, ele mostrou superioridades significativas tanto nos teores de polifenóis quanto nos de flavonóides. Isso por que essas substâncias que são nossas aliadas para uma vida saudável estão presentes no cacau, logo, quanto maior a quantidade dessa fruta, maior a quantidade dos flavonóides. Chocolates ao leite, branco e o meio amargo convencional tem pouco cacau.

Esses flavonóides do chocolate amargo são também encontrados na casca da uva vermelha!

Ou seja, o chocolate amargo faz bem pela mesma razão que o vinho tinto.

As notícias são animadoras, mas, atenção: Moderação é importante! Chocolate (mesmo o amargo) é rico em açúcar e gorduras, e por isso contribuem para aumento do peso e dos níveis de colesterol!

Uma boa forma de consumir essa deliciosa iguaria é derretê-la e comer com frutas. Ou na forma de fondue, ou colocar na geladeira para fazer uma capinha dura ao redor. Dessa forma, além de ficar uma delícia (ai, morangos com chocolate...), diminui-se a quantidade de chocolate ingerida sem sofrimento.


Chocolate! Chocolate! Chocolate!
Eu só quero chocolate
Só quero chocolate
Não adianta vir com guaraná
Prá mim é chocolate
O que eu quero beber...(2x)

Não quero chá
Não quero café
Não quero coca-cola
Me liguei no chocolate
Só quero chocolate
Não adianta vir com guaraná
Prá mim é chocolate
Que eu quero beber...

Chocolate! Chocolate! Chocolate!

Chocolate! Chocolate! Chocolate!
Eu só quero chocolate
Só quero chocolate
Não adianta vir com guaraná
Prá mim é chocolate
O que eu quero beber...(2x)

Não quero chá
Não quero café
Não quero coca-cola
Me liguei no chocolate
Eu me liguei!
Só quero chocolate
Não adianta vir com guaraná
Prá mim é chocolate
O que eu quero beber...

Chocolate! Chocolate! Chocolate!

-O Senhor aceita um cafezinho?
-Não! Eu quero chocolate!

- Que seja com alto teor de cacau, Tim!