segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Doação de órgãos


No panfleto da XII Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos vem escrito assim na capa: "INFORMAÇÃO, A MAIOR AMIGA DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. Doe Órgãos!" E isso me trouxe a reflexão de quantas pessoas perdem a possibilidade de receber um órgão por ignorância alheia. Resolvi então fazer esse post.

Eu converso com muitas pessoas sobre essas questões "doacionais", e sei que tem muita gente que não tem o desejo de doar nada por um apego ao corpo. Particularmente, sei que quando a minha hora chegar, este aqui de nada mais me servirá, logo, melhor que sirva a alguém. Mas, eu entendo que essas coisas que envolvem corpo, mente, vida e morte mexam muito com a cabeça das pessoas. Noto também que muitas pessoas consideram esquisito o fato de "continuar existindo" no corpo de outra pessoa, e se questionam sobre o tipo de impacto que isso tem. Por considerar impossível entrar neste mérito sem entrar na questão da fé, e por considerar que esta seja algo indiscutível (ou se tem, ou não se tem, não é uma questão de debate), evito a polêmica, fazendo deste post, bem como o último, mais informativo.

1 - COMO SE UM DOADOR DE ÓRGÃOS:
Para ser um doador de órgãos nenhuma burocracia é necessária. Basta o diálogo com familiares, deixando bem claro este desejo. Não há necessidade de deixar nenhum documento assinado, os órgãos somente são doados com a autorização expressa dos familiares. Caso a pessoa tenha manifestado o desejo de doar os órgãos para os familiares em vida, mas estes não assinem o termo de doação no momento da morte dela nada acontece aos órgãos dessa pessoa, já que os familiares não concordaram com a doação.

2 -MORTE ENCEFÁLICA x COMA x ESTADO VEGETATIVO PERSISTENTE:
Morte encefálica, comumente conhecida como morte cerebral, ocorre quando há morte das células cerebrais, é a perda IRREVERSÍVEL das funções vitais, que mantém a vida, ou seja, perda da consciência e da capacidade respiratória, significando que o indivíduo está morto. O coração permanece batendo por pouco tempo e é neste período que os órgãos podem ser utilizados para transplante. Trauma craniano e derrame cerebral podem causar parada irreversível do encéfalo (morte), mas a respiração é mantida por aparelhos e o coração continua batendo por algumas horas, fazendo o sangue circular por outros órgãos (rins, fígado, pulmões, etc.). Estes podem ser doados para outras pessoas através de uma cirurgia de transplante.
O coma é uma lesão cerebral grave, mas as células cerebrais continuam vivas, a pessoa está desacordada e pode ser REVERSÍVEL, portanto o paciente NÃO É DOADOR DE ÓRGÃOS.
No estado vegetativo persistente o paciente tem uma lesão cerebral, permanece em coma por meses ou anos, mas mantém a capacidade de respirar.
CASO um indivíduou em coma ou estado vegetativo persistente evolua para quadro de morte encefálica (que é irreversível), ele poderá se tornar um doador.

3 - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE MORTE ENCEFÁLICA E COMA:
Diferenciar estes dois diagnósticos não é difícil baseado simplesmente em um exame clínico. Esse processo é frequente e muito seguro no Brasil, que possui um dos protocolos de morte encefálica mais rígidos do mundo. Aqui, a morte encefálica precisa ser constatada e registrada por dois médicos especialistas não participantes de equipes de captação e transplantes, mediante utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina (ver legislação dos transplantes ). É admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato da comprovação da morte encefálica.

4 - ÓRGÃOS, COMÉRCIO E SEQUESTRO:
Qualquer manifestação de compra e venda de órgãos é CRIME. Segundo a associação brasileira de transplante de órgãos (ABTO) informa, NENHUM TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS É REALIZADO NO BRASIL SEM O CONHECIMENTO DAS CENTRAIS DE TRANSPLANTES das Secretarias de Estado de Saúde, portanto esta possibilidade não ocorre. Doação é um ato de livre e espontânea vontade e de amor ao próximo. Além disso a ABTO também relata que o transplante é uma operação muito delicada, realizada apenas em centro cirúrgico de hospitais especializados e que os órgãos são distribuídos para estes hospitais pelas centrais de transplantes, portanto, as notícias veiculadas principalmente por correio eletrônico de que pessoas são sequestradas e tem seus órgãos roubados são completamente infundadas e apenas prestam desserviço `a população.

5 - DOAÇÃO EM VIDA X DOAÇÃO APÓS A MORTE:
A doação em vida é permitida apenas nos seguintes casos:
-Órgãos duplos ou partes de órgãos, cuja retirada não cause transtornos à vida do doador;
- Quando não há grave comprometimento das aptidões vitais e da saúde mental;
- Quando não causa mutilação ou deformidade inaceitável.
Os exemplos mais comuns são: doação de um dos rins, de parte do fígado ou de parte do pulmão.
A doação após a morte divide-se na doação com o coração batendo, que permite a transferência de coração, fígado, rins, pulmão, pâncreas, córneas, pele, ossos, valva cardíaca e intestino, e na doação com o coração parado, que permite apenas a transferência de córneas, pele, valvas cardíacas e ossos.

6 - SOBRE OS RECEPTORES:
São receptores os pacientes que estão na Lista Única de Transplantes. É necessário seguir o tempo de espera e a compatibilidade sangüínea entre o doador e o receptor. Para alguns órgãos, também é necessário que haja compatibilidade HLA. Cada vez que surge um doador, é feita a seleção dos possíveis receptores, considerando, sobretudo, a ordem cronológica de inscrição na Lista Única, que corresponde ao tempo de espera para o transplante. Para órgãos sólidos, considera-se também grupo sangüíneo, peso e altura do doador, o que é dispensável para o transplante de tecidos. Assim, o mais antigo nem sempre será o primeiro a receber o órgão. O doador realiza alguns exames sorológicos para afastar infecções, tais como, HIV e hepatite B e C. Se algum exame for positivo, as equipes transplantadoras podem selecionar receptores portadores da mesma infecção, mesmo que esses não sejam os primeiros da Lista. O receptor selecionado pode não ser transplantado devido a falta de condições clínicas temporárias, ou por não ter sido localizado pela equipe. Desta forma, o transplante será realizado no próximo paciente da Lista, sendo garantida a mesma posição daquele que foi preterido desta vez.

7 - SOBRE O CORPO DO DOADOR:
A retirada de órgãos é um procedimento cirúrgico muito delicado que não causa mutilação do corpo. São retirados apenas os órgãos para ser transplantados, como se fosse uma cirurgia de rotina, após, o corpo é liberado aos familiares para o sepultamento.

8 - CUSTOS DA DOAÇÃO:
Não há nenhum custo envolvido em todo o processo para os familiares. Quem arca com todas as despesas é o SUS.


Informações sobre doação de órgãos e tecidos:


Disk Saúde 0800 61 1997

Sistema Nacional de Transplantes (61) 3306-8212

ABTO (11) 3283-1753 / 3262-3353

Site da ABTO: http://www.abto.org.br/

Guia SUS RJ: http://portal.saude.rj.gov.br/Guia_sus_cidadao/pg_82.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário