segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Medicina, clinicar, SUS e O Pequeno Príncipe


Para uma pessoa romântica, devota do impossível, do abstrato, com tendência idealista ou poética, que olha para si no sentido de enxergar o ser humano, que compreende que nada que é humano é simples, e que mergulha nesta complexidade-subjetiva, entendendo que subjetivo é algo relativo ao subjectum, do latim, sujeito, para alguém assim, existem, ao meu ver, duas formas de exercer a medicina.

A primeira é em uma micro escala. Na forma que atende cada um de seus pacientes. É basicamente a aplicação daquelas coisas que todos nós podemos fazer todos os dias nas nossas relações, mas, na execução de um trabalho que envolve MUITAS interações humanas. É praticar conhecimento técnico-científico com percepção da unidade corpo-mente, com o conhecimento de que cada ser-humano é único, e que como tal, reage de maneira própria as adversidades da vida. A partir de tudo isso, é adequar o seu tratamento e seu comportamento com o outro de maneira a fazer do processo saúde dele o mais otimizado possível.

A segunda é em uma macro escala. É trabalhar para que o direito a saúde de cada cidadão seja respeitado. É compreender que para a execução de tal justiça necessitamos da prestação de serviços de qualidade, e que para isso, é necessário trabalhar para que a primeira forma descrita de prática seja difundida.
Para se obter êxito no trabalho público deve-se afastar um pouco do individual, porém nunca completamente, para que se possa conhecer suas dificuldades e descobrir suas saídas, pelo menos, de parte delas.
Para clinicar propriamente é necessário que se tenha uma administração pública que permita isso.

Para que se atinja saúde em massa, é necessário encará-la literalmente como uma massa, isso viabiliza o conhecimento dos perfis mais comuns e, consequentemente, a criação de estratégias para sua melhor abordagem. Mas não se pode esquecer que uma massa de pessoas não é homogênea, existe "a tal" da individualidade.

A execução romântica deste, bem como de qualquer trabalho, necessita de uma força motriz: o desejo de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrou. Coisa de Miss? Talvez... Mas e daí? O Pequeno Príncipe é maneiro prá caramba!

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