segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dia Mundial Sem Tabaco






Desde 1987 a OMS articula com 192 países a comemoração do dia mundial sem tabaco (31/05), definindo um tema ligado ao tabagismo, com o objetivo de atrair a atenção de todo o mundo sobre esta epidemia e as doenças e mortes evitáveis a ela relacionadas.

Este ano a idéia é colocar a atenção nos efeitos maléficos do "marketing tabágico" sobre as mulheres e meninas ("Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres").
As ações visam a alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino e acerca dos males que seus produtos causam à saúde dessa população e ao meio-ambiente.
Eles também destacam a necessidade de se banir toda a propaganda, promoção e patrocínios da indústria tabagista. Claro que sempre respeitando as constituições e princípios constitucionais dos países.

O número de homens fumantes ainda é maior do que o de mulheres, mas o sexo feminino cresce cada vez mais nas estatísticas.

Por que a OMS, o INCA, e diversas outras organizações sérias e respeitadas em saúde conferem tamanha importância o tabagismo?

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes.

O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos) (WHO, 2003).

No site do INCA sobre tabagismo tem um texto muito, muito interessante sobre os jovens e as mulheres na mira da indústria do tabaco. Vale muito a pena:
http://www.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=jovem&link=namira.htm
Nesta publicação eles citam, e inclusive disponibilizam em pdf, os artigos secretos da indústria do tabaco, que são oriundos de documentos internos de grandes multinacionais do tabaco, revelados durante uma ação judicial movida por estados norte-americanos contra elas. Nestes documentos crianças e jovens são descritos como "reservas de reabastecimento".

E por que o foco nas mulheres? Mais uma forma de machismo fantasiado de qualquer outra coisa?

Eu não acho. Com a rápida alteração de seu papel social, esta fatia da população tornou-se um dos alvos prediletos da publicidade e da indústria do tabaco, que passou a imprimir ao "tubinho de câncer" uma imagem de emancipação e independência.

Estudos confirmam: hoje as meninas experimentam cigarros em maior proporção do que os meninos.
Ainda que a população de homens fumantes seja maior do que a de mulheres, a população de mulheres fumantes cresce mais do que a de homens.

Além disso, os malefícios nas mulheres tem particularidades próprias ao sexo. A mulher fumante tem maior risco de infertilidade, câncer de colo do útero, menopausa precoce e sangramento irregular. Além disso, as gestantes fumantes correm mais risco de sofrerem abortos, terem filhos prematuros, pequenos para a idade gestacional, com disfunções pulmonares, e a lista continua. A interação de anticoncepcional hormonal com o tabaco aumenta as chances de trombose e AVC.

Agora que já veiculei alguma informação importante sobre o tema, vou deixar uma dica de um filme: Obrigado por fumar. Assistam, é alimento para o pensar, até por que um bom filme é uma forma excelente de se refletir para poder debater.

Clima de documentário e comédia, é engraçado, inteligente, toca em assuntos polêmicos que dificilmente escapariam de um tom panfletário de uma maneira muito audaciosa. Exige do telespectador um certo gosto pelo sarcasmo. Além de provocar boas reflexões, provoca excelentes risadas.

Aqui tem uma crítica do filme que eu gostei:
http://omelete.com.br/cinema/critica-obrigado-por-fumar/

Espero que assistam e que gostem.

domingo, 2 de maio de 2010

Siga o seu coelho.

"De perto ninguém é normal." - Caetano Veloso, Vaca Profana

Não gosto muito de Caê! (Pronto. Começo logo dando uma razão para meio mundo me chamar de ignorante para baixo.) Valorizo o trabalho do homem, claro, mas não sou uma grande admiradora de sua obra, tampouco (muito menos seria mais bem aplicado) de sua pessoa. Mas dentre tantas coisas que ele já disse, essa frase da música Vaca Profana, é das mais inteligentes já proferidas pelo indivíduo em questão.

De perto ninguém, ninguém! é normal. Claro que existem aqueles que de longe já demonstram seu "anormalismo". Normal, normal...

Se ninguém é normal, quer seja de perto, quer seja de longe, podemos concluir que o normal, anormal é, e o anormal deve, portanto, ser normalíssimo.

Aqueles que, como eu, questionam sua lucidez frequentemente, encontram nessas palavras alguma paz. De perto ninguém é normal, nem eu.

A percepção do ser como único e individual vai de encontro com essa frase.
Por exemplo, a temperatura de 37ºC, nem considerada febre pelos médicos, é capaz de deixar o meu avô delirando. Isso é dele, e não adianta buscar tal conhecimento em livro algum, pois para ter o saber das partcularidades de cada um deve-se ter conhecimento prático com os indivíduos. De perto, não há padrão. Quando o conhecimento sobre o outro migra da superfície para as profundezas do ser percebemos: É muito difícil tentar desvendar alguém a partir do padrão estabelecido tendo como base uma massa.

O que é uma doença? Uma doença é um conjunto de sinais e sintomas oriundos de uma alteração da homeostasia. Então, basicamente, ao longo dos anos médicos foram juntando alterações comuns em indivíduos distintos, aglomerando-as e catalogando-as para poder dar um nome e um tratamento.

Hoje em dia as doenças da moda (e os remédios da moda) são as psiquiátricas.
Terminou um namoro com alguém que amava verdadeiramente e não quer sair da cama? Deve ser depressão! Foi demitido e não sabe como vai sustentar seus filhos? Talvez uma fluoxetina ajude você a seguir em frente...
NOT!
Sofrer é normal. Ou seria anormal? Enfim, experimentar sentimentos nem tão agradáveis, e por vezes completamente desagradáveis, faz parte dessa longa jornada que é a vida (bregão!). Isso facilita a compreenssão das coisas, e, consequentemente, de nós mesmos. E assim permite que nós consigamos seguir em frente, e no futuro lidemos melhor com os eventos indesejados que surgirão. Sim, eles continuarão surgindo sempre!

A excessiva veiculação na mídia das doenças psiquiátricas unida a ausência de interesses legítimos dos médicos, veio como um grande disserviço a população mundial do século XXI.
Com diagnóstico extremamente subjetivo e seus nomes na boca do povo, as doenças psquiátricas acabaram sendo banalizadas e levaram consigo suas drogas para a banalização.

Talvez, se Lewis Carroll vivesse hoje e contasse a um médico as diversas coisas que se passavam em sua mente, teria sido medicado, dopado, adormecido, e exerceria uma profissão qualquer ao invés de canalizar a sua "loucura" para o papel e produzir obras que ficariam como herança para a humanidade.

Aliás, Lewis Carroll foi um exemplo, mas poderia citar ainda, Salvador Dali, Picasso, Einstein, dentre muitos. Dizem que a linha que separa a genialidade da loucura é muito fina. Talvez em alguns casos a diferença não seja necessariamente o lado da linha que se está, mas sim o que se faz neste lugar.

Não quero aqui desmerecer as doenças psiquiátricas e tampouco seus tratamentos. Quero apenas lembrar que cada caso é um caso, e que devido a individualidade de cada um, merecem atenção e tratamento personalizados e não protocolados.

A filosofia clínica, ramo da filosofia que descobri recentemente, fala (dentre várias coisas, obviamente) que as pessoas tem formas distintas de expressar suas emoções. Pode ser falando, pintando, desenhando, compondo, cozinhando, e a lista continua. Concordo. E acho um máximo alguém ter descrito tal percepção.

Tanto esta percepção quanto a frase de Caê são totalmente óbvias. Mas as coisas óbvias, muitas vezes, ficam de lado, não recebem atenção, e portanto, quando ditas, se tornam grandes sacadas!

"Common sense is the least common of all the senses"