segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Animação 3D - Use camisinha - AIDS



Seguindo o clima do post anterior, videozinho criativo para fortalecer a idéia da prevenção.

Talvez não deva ser visualizado por crianças.

Safe sex or no sex


Apesar de a maior matéria da capa do Globo de hoje ser sobre as grandes possibilidades do Fluminense ser o campeão deste Brasileiro, o que mais me chamou atenção como botafoguense e estudante da saúde, foi a notícia de que o papa afirmou que o uso da camisinha é aceitável em certas situações.

No blog Balaio do Kotcho há um texto no qual o autor questiona o efeito prático de tanto barulho feito em torno da manifestação papal acerca do uso do preservativo.

Particularmente vejo isso como um avanço benéfico para o mundo. Apesar da Igreja Católica não ter mais a força que um dia teve, tal afirmação iniciou debates sobre este importante tema ao redor do mundo. Nas Filipinas, país mais católico da Ásia, o comentário foi visto como um avanço pelos governantes. Em Montevidéo também, assim como em diversos outros lugares do planeta. E, convenhamos, finalmente parece que os olhos estão se abrindo para uma realidade.

Quando o papa faz uma afirmação como esta, abre a possibilidade de avanço em importante questão de saúde pública. Até pouco tempo atrás a Igreja afirmava que o vírus da AIDS poderia passar pela camisinha, que ela era permeável a ele, e teve muita gente achando que isso era verdade. Isso era um enorme desserviço a população mundial.

Soma-se a isso o fato de ele incluir as prostitutas no seu discurso, vendo como benéfico o uso do condom por elas, em uma atitude de humanização da igreja, no sentido de perceber os outros e suas escolhas, respeitá-las, e querer o seu bem. Isso é respeito e amor ao próximo saindo da pregação e passando para a atitude.

Não sou católica, mas percebo o impacto que a Igreja ainda tem no mundo. Mas, ainda que não houvesse impacto direto sobre a população, esse tipo de declaração permite o diálogo, abre para o debate, coloca esta importante questão em voga. E isso é muito válido, principalmente quando falamos de uma pandemia.

Aqueles que querem evitar filhos tem algumas formas para este fim, mas quem quer evitar contaminar-se tem apenas duas: o uso da camisinha ou a abstinência sexual. Atualmente me parece que a maioria da população em idade reprodutiva não se priva de sexo e nem o posterga, então é importante que se protejam.

Não tenho a intenção de discutir valores, hábitos ou as escolhas de cada um, apenas acredito que tais escolhas não podem ser prejudiciais.

Para os sexualmente ativos a camisinha é a única forma de prevenção das DSTs, das quais destaco a AIDS, por não ter cura, apenas controle, a hepatite B por não haver forma de combate direto ao agente da doença, e o HPV por estar diretamente ligado ao câncer de colo. De qualquer forma, independente da cura, acho que "ninguém merece" uma gonorréia ou uma sífilis! Aliás, gonorréia... o nome por si só é nojento!

Para os católicos, cristãos, judeus, agnósticos, muçulmanos, protestantes e todos os demais: cubram o menino! Fica a dica!
E aproveitemos a brecha aberta pelo papa para iniciarmos mais debates, diálogos e sermos agentes da conscientização.

O uso de preservativo é um ato de amor e respeito consigo e com o parceiro.
Para evitar que o momento da colocação corte o clima, basta treinar como colocar e fazer com que isso seja parte da brincadeira. Colocar a camisinha pode ser sensual, basta treinar e deixar a criatividade fluir. Além disso, hoje existem milhões de tipos de preservativos: mini, maxi, com sabor, com textura, colorida, que brilha no escuro, e por aí vai! Não importa o tipo, o que importa é usar.

Vale lembrar: a camisinha deve ser usada durante todo o ato sexual, e em qualquer forma de relação (anal, oral, vaginal e outras que existam que por acaso eu desconheça!) só pode ser utilizada uma única vez, e deve-se sempre estar atento ao prazo de validade. Além disso, cuidado ao abrir o pacotinho na hora da empolgação para não rasgar... Melhor evitar abrir com a boca.

Vistam os meninos! Cubram as cabeças!

PS:. Parabéns pro meu papai que faz anos hoje, tudo de mais maravilhoso do mundo para ele, pessoa que eu tanto amo! E ainda bem que ele não usou camisinha 9 meses antes do 4/12/85, se não eu não tava aqui! =D

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

All you need is love

Estou fazendo o final do meu internato na enfermaria pediátrica do Hospital Federal de Bonsucesso.

Lá pude aprender, dentre outras coisas, como muitas vezes as internações são mais sociais do que por motivos de doença.

Temos uma paciente de 10 anos internada por razões patogênicas sim (aliás, um caso um tanto quanto complicado), mas, que também tem fortes questões sociais. Essa menina parece ter sofrido maus tratos pelo pai, não faço a menor idéia do que acontece com a sua mãe, o que sei é que ela, com seus 10 anos de idade, recebe apenas visitas esporádicas de sua avó. Para quem não sabe, crianças tem sempre direito a acompanhantes em suas internações, não estão restritas a visitas, podem ter sempre um familiar com elas.

Nunca tive uma paciente tão carinhosa. Não tenho muita prática, não tenho muita experiência, mas, dentro do pouco que vivi, essa fofa se destaca sem dúvidas. Quando chego para examiná-la, ela (que não fala mas interage bem com o examinador), faz uma festa! Me puxa, me abraça, me beija, e, as vezes, pede para que eu coce suas costas. Adora que eu pegue o hidratante e passe nela, ou que dê para que ela passe. Tem um reloginho de pulso roxo que ela adora usar, e gosta também de colorir. E sempre quando eu tenho que deixá-la para seguir com minhas obrigações parte-se um pedaço do meu coraçãozãozinho, pois ela nunca quer que eu vá.

Essa menina me mostra a cada dia a importância do amor. De receber, sem dúvida, mas, principalmente, de dar. A importância das relações, do carinho e do respeito. A importância de um atendimento humanizado e individualizado para um prognóstico positivo das doenças. E, mais do que isso, como devemos tratar todos bem, com respeito, com leveza, com educação, aquela história que a Igreja prega de "amor ao próximo". E olha que da última vez que eu chequei eu era uma pessoa agnóstica.
Sem dúvida esta mocinha com o amor que vem recebendo da equipe que a acompanha, vem apresentando consideráveis melhoras. E com o amor que vem distribuindo por lá ela vai tocando diversas pessoas, bem como meu tocou, de diversas formas distintas, conferindo a estas um novo ponto de vista, uma nova direção no caminho para a evolução ou qualquer coisa parecida que as pessoas busquem em suas existências.
Preciso aqui destacar e elogiar a equipe de enfermagem da pediatria do HGB. Elas são as pessoas que mais acompanham e, com maior proximidade, os pacientes internados. Atendem com muito carinho aquelas crianças, e nesses "casos sociais" que lotam aquele lugar, são elas quem compram xampú, sabonete, hidratante, etc, para a higiene dessas crianças.
Tem também voluntários que fazem visitas e levam presentes, além dos doutores da alegria, que são palhaços que vão a enfermaria para fazer espetáculos e contar histórias para as crianças.

É muito triste ver alguém tão jovem, tão despreparado, tão indefeso, tão inocente sem o seu porto-seguro principal (a família) para ofertar estabilidade em qualquer momento da vida, em especial nos momentos difíceis como são as internações. Mas, como costumo fazer com tudo na vida, tento focar no lado bom e notar como, se a gente souber olhar, até mesmo num lixão uma flor pode nascer.

Eu também dou um plantão as quartas feiras, como acadêmica (lógico), num pronto-socorro infantil do SUS em São Gonçalo. Ontem eu atendi um menino institucionalizado, a mãe dele morreu de câncer, o pai mora no Espírito Santo e ele não conhece. Ele me disse que a coisa boa que tinha na vida dele era que a avó dele em breve iria adotá-lo.

Para essas, e todas as crianças eu desejo tudo de bom do mundo, que tudo corra bem, que o amor que algumas pessoas ofertam a elas possa permitir a recuperação, a abertura de portas, e uma vida próspera, longa e boa.
Para os adultos que as cercam eu deixo a mensagem que a música dos Beatles enfatiza bem: All you need is love. E desejo que as pessoas possam ter a clareza da importância e do impacto que suas atitudes tem.

Com muito amor,
Valentina

PS:. O título é link para um vídeo bom dos Beatles de All You Need Is Love

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chimamanda Adichie: The danger of a single story

Como descrito pela genial pessoa que me enviou: Food for thought.

É um vídeo longo, quase 19 minutos, mas que vale muito a pena.

Quem quiser assistir ao vídeo com legenda pode acessá-lo pelo link (basta clicar no título do post).

Medicina, clinicar, SUS e O Pequeno Príncipe


Para uma pessoa romântica, devota do impossível, do abstrato, com tendência idealista ou poética, que olha para si no sentido de enxergar o ser humano, que compreende que nada que é humano é simples, e que mergulha nesta complexidade-subjetiva, entendendo que subjetivo é algo relativo ao subjectum, do latim, sujeito, para alguém assim, existem, ao meu ver, duas formas de exercer a medicina.

A primeira é em uma micro escala. Na forma que atende cada um de seus pacientes. É basicamente a aplicação daquelas coisas que todos nós podemos fazer todos os dias nas nossas relações, mas, na execução de um trabalho que envolve MUITAS interações humanas. É praticar conhecimento técnico-científico com percepção da unidade corpo-mente, com o conhecimento de que cada ser-humano é único, e que como tal, reage de maneira própria as adversidades da vida. A partir de tudo isso, é adequar o seu tratamento e seu comportamento com o outro de maneira a fazer do processo saúde dele o mais otimizado possível.

A segunda é em uma macro escala. É trabalhar para que o direito a saúde de cada cidadão seja respeitado. É compreender que para a execução de tal justiça necessitamos da prestação de serviços de qualidade, e que para isso, é necessário trabalhar para que a primeira forma descrita de prática seja difundida.
Para se obter êxito no trabalho público deve-se afastar um pouco do individual, porém nunca completamente, para que se possa conhecer suas dificuldades e descobrir suas saídas, pelo menos, de parte delas.
Para clinicar propriamente é necessário que se tenha uma administração pública que permita isso.

Para que se atinja saúde em massa, é necessário encará-la literalmente como uma massa, isso viabiliza o conhecimento dos perfis mais comuns e, consequentemente, a criação de estratégias para sua melhor abordagem. Mas não se pode esquecer que uma massa de pessoas não é homogênea, existe "a tal" da individualidade.

A execução romântica deste, bem como de qualquer trabalho, necessita de uma força motriz: o desejo de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrou. Coisa de Miss? Talvez... Mas e daí? O Pequeno Príncipe é maneiro prá caramba!