quarta-feira, 7 de abril de 2010

Após os temporais...



As 11:17 de hoje, dia 07/04, oglobo.globo.com noticia que já são 104 mortos no Rio de Janeiro em consequência desta tempestade.

Muito triste. Estou bastante abalada com toda a situação. Eu e toda a cidade.

Todavia, ficar pensando nas coisas ruins não as tornam melhores. E, é justamente nestes momentos críticos que surgem as possibilidades da construção de um caminho direcionado a um futuro melhor.

Crise:
do elemento complementar grego "Krisis": "turning point" em uma doença (usada desta maneira por Hipócrates e Galeno); Literalmente: julgamento, ação ou faculdade de distinguir, ação de escolher, separar decidir, julgar.

Do verbo grego "krino": separar, decidir, distinguir, discernir (dentre vários outros sentidos), cujo radical foi usado na segunda metade do século XIX para designar as glândulas ditas endócrinas (que secretam seus elementos diretamente no sangue), sendo depois utilizada em outros termo médicos como exócrina, apócrino, heterócrino, holócrino, mesócrino.

Do PIE (família das línguas que inclui grande parte das linguas da Europa moderna - o inglês entre elas - e também algumas existentes e extintas no sul e oeste asiático. Presume-se que todas compartilhem um ancestral comum, PIE - sigla em inglês), *krei, distinguir, discriminar.

É. A crise é o momento que permite que tudo mude.

Diz-se que a filosofia surgiu de uma crise. A que os gregos enfrentaram durante a sua expansão marítima ao encontrarem povos que nunca tinham ouvido falar em Zeus, Atena, Apolo,..., e que tinham outras explicações para tudo aquilo que eles justificavam com a mitologia.

Acho que todos nós, cidadãos do mundo, temos que rever nossas atitudes, nossos conceitos, nossa vida, tudo! Afinal, tantos desastres naturais ao redor do mundo em tão curto espaço de tempo, não pode ser sem razão. É consequência da forma que vivemos e tratamos o planeta.

OK. E o que eu posso hoje, agora, através de um blog fazer para tentar melhorar essa situação do Rio?

Infelizmente não temos como voltar atrás para evitar o que se passou com as vítimas dos desabamentos, o que se pode fazer é evitar novas vítimas, mas não só do desabamento.

Vamos evitar as vítimas da lepstospirose, hepatites A e E, doenças diarreicas, dengue, febre tifóide, cólera e tétano.
As inundações e as chuvas podem levar a surtos de muitas doenças. Como evitá-las?

A leptospirose, as hepatites A e E, as doenças diarreicas e a febre tifóide ocorrem mais comumente em áreas onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. Podem ser adquiridas pela ingestão de água e alimentos contaminados pelas inundações (leptospirose , hepatites, doenças diarreicas, febre tifóide e cólera) ou através do contato direto das pessoas com a água e a lama das enchentes (leptospirose).

A leptospira (bactéria causadora da leptospirose) é eliminada através da urina de animais, especialmente o rato de esgoto, e sobrevive no solo úmido e na água. Sabendo disso é fácil concluir que as inundações facilitam o contato da bactéria com os seres humanos. Ela pode penetrar no organismo pelo contato da pele e das mucosas com a água e a lama das enchentes. Além disso as pessoas também podem ser contaminadas através da ingestão (já que as inundações podem contaminar a água de uso doméstico e os alimentos). Quando ocorrem, as manifestações aparecem em um intervalo de 2 a 30 dias após a infecção. Suas manifestações iniciais devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente e são clinicamente indistinguíveis das da dengue.

As chuvas, e não as inundações, podem facilitar a ocorrência de dengue, uma vez que o acúmulo de água relativamente limpa em qualquer recipiente (vasos de plantas, latas, pneus velhos etc.) permite a proliferação do Aëdes aegypti.

A hepatite A é causada por um vírus, sua transmissão é fecal-oral, podendo ocorrer por meio da ingesta de água e alimentos contaminados ou de um ser-humano para outro. Em regiões onde o saneamento básico é precário ou ausente esta infecção é muito comum mesmo na ausência de inundações, por isso, a maioria da população desses locais já foi infectada quando criança e hoje tem imunidade contra a doença. Em crianças a hepatite A é comumente assintomática ou tem manifestações discretas.

A hepatite E tem transmissão e evolução semelhantes às da hepatite A, porém está mais associada a inundações.

A Salmonella typhi, bactéria causadora da febre tifóide, é adquirida pela ingestão de água e alimentos contaminados. Durante as inundações não parece haver risco significativo de epidemias, uma vez que para ocorrer a infecção é necessário ingerir uma grande quantidade de bactérias que, provavelmente, são "diluídas" pela grande quantidade de água. Todavia, pode haver contaminação de poços, sistema de abastecimento e de alimentos, com proliferação da bactéria subsequentemente, possibilitando a ocorrência de casos.

O tétano é causado pela contaminação de ferimentos com o Clostridium tetani, uma bactéria que é encontrada normalmente no solo, no esterco, na superfície de objetos. Os transtornos causados pelas enchentes (remoção de entulhos e lama etc.) podem ser fatores facilitadores para ferimentos. Pode parecer que a vacinação em massa contra o tétano seja uma medida útil, mas ela pode surtir efeito contrário ao criar uma falsa sensação de segurança. Uma pessoa que nunca tenha sido vacinada não ficará imunizada contra o tétano com apenas uma dose.
A profilaxia do tétano será feita mais adequadamente em uma Unidade de Saúde, uma vez que envolve cuidados com o local do ferimento e depende da história de vacinação. Se o indivíduo nunca tiver sido vacinado ou estiver com o esquema vacinal incompleto pode ser necessário que, dependendo do tipo de ferimento, além dos cuidados com o local do ferimento e da vacina, receba também imunização passiva (imunoglobulina antitetânica ou, na sua falta, soro antitetânico). Em adultos não vacinados, o esquema completo é feito com três doses. Vale lembrar que o esquema não é suficiente para conferir imunidade, as pessoas devem receber a dose de reforço a cada dez anos.

Outro problema de saúde ligado à contaminação da água são as doenças diarréicas agudas. Essas doenças apresentam, como sintomas, vômito, diarréia e febre (mais comum nas crianças). A diarréia oferece o risco de desidratação. A perda excessiva de líquidos pode até mesmo levar a pessoa à morte. Por isso as seguintes medidas são recomendadas: tomar muito líquido, utilizar o soro caseiro e procurar um profissional de saúde, evitando a automedicação.

Enquanto a leptospirose é uma preocupação imediata, a dengue tem um risco prolongado, visto que deve gerar preocupações ainda por muitos meses. Quando a inundação acabar os ratos voltam para seus "lares", os esgotos, e os seus xixis e leptospira voltam com eles, já as fêmeas dos mosquitos Aedes podem deixar muitos ovos pela cidade.

A profilaxia mais efetiva para todas estas doenças é feita através do tratamento correto da água e da preparação adequada de alimentos. Ingerir apenas água filtrada ou fervida é mandatório! Lavar bem os alimentos antes de consumí-los também. No intuito de evitar (mais) uma nova epidemia de dengue é importante que a população retire a água de todos os locais que ela esteja armazenada e feche possíveis reservatórios. Medidas básicas de higiene como lavar as mãos após utilizar o banheiro e antes das refeições devem ser parte da rotina de qualquer indivíduo. Quem tiver sido vacinado contra o tétano há 10 anos ou mais deve fazer o reforço.

Mudando de assunto, mas continuando no mesmo, acho que um evento como esse é um alerta para a necessidade da saúde pública caminhar junto com as reformas urbanísticas da cidade. Nada é separado, nada existe sozinho, as coisas coexistem.

"Tudo que existe existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo."

Fernando Antônio Nogueira Pessoa - Livro do Desassossego


Fontes:
dicionário Houaiss
portal.saude.gov.br
cives.ufrj.br/
noticias.uol.com.br
oglobo.globo.com/plantao
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/drama-no-rio/ - foto
http://www.etymonline.com/

2 comentários:

  1. muito apropriada essa perspectiva sobre a crise.
    momento de reinventar a realidade! e por que não a cidade?
    para pensadores, uma oportunidade.
    concretamente, algo que está muito distante dos anseios daqueles que têm os meios. infelizmente, a vontada política no rio está muito longe das maravilhas que essa cidade merece. e possibilidades que ela oferece.
    mas, a gente não desiste e continua refletindo e sonhando com uma urbe mais digna, em todas as suas dimensões.

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  2. Valê, finalmente conheci seu blog. Arrasou, amiga! Muito bacana mesmo, gera um porção de temas para debates e aborda questões de interesse geral. Aliás, quero conhecer o tal samba da Pedra do sal!! Quanto às chuvas, os estragos vão mostrando os anos de descaso. Também, com nossas escolhas de representantes...
    Beijo grande,
    Mari

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