sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vicodin?


Medicina vende. ponto.

Basta perceber na televisão a quantidade de seriados médicos. Independente da emoção que eles passem ao telespectador: felicidade, tristeza, intriga, medo, ..., todos estão unidos por algo em comum: a rotina médica.
Questiono a razão de tanto "voyeurismo". Talvez tenha raiz comum com a sabedoria popular de que "de médico e louco, todo mundo tem um pouco".

Certa vez fui a Mauá, e lá li em uma doceria um papel com ditos populares modificados, parodiados, por assim dizer. Eu tinha 13 anos. Lembro-me de apenas um até hoje: "de médico e louco, todo mundo já está de saco cheio."

Essa excessiva dramatização da rotina médica nos leva a uma realidade na qual a população acredita que conhece uma rotina por acompanhá-la na televisão, deixando de lado o antigo conhecimento de que ficção é ficção; vida é vida. Apesar de uma imitar a outra (fica a questão de quem é o imitador, e quem é o imitado), alhos sempre serão alhos, e bugalhos, bugalhos até a morte!

É muito interessante. Não é raro se ver uma consulta médica na qual o paciente apresenta uma queixa para o examinador, este escuta a queixa, conversa com o doente, examina-o por completo,... Tá, percebo. Eu menti, isso é sim raro. Entretanto, vamos supor que existimos em um mundo no qual a prática médica seja amplamente exercida da forma descrita a cima. Depopis de feito o supracitado, o clínico chega a um diagnóstico cujo tratamento é: boa alimentação, prática diária de exercícios, boas horas de sono, ingesta esporádica de bebidas alcóolicas, abolição do fumo,... basicamente: adoção de hábitos de vida saudáveis. Ou ainda, em um caso mais agudo, a antiga receita da vovó para uma virose: vitamina C e cama.
O queixoso vai para casa decepcionado e insatisfeito: Poxa, não me passou nem um remedinho?!

As pessoas querem acreditar que a cura para seus problemas, para as suas questões, encontra-se em drágeas que devem ser consumidas sob posologia prescrita por outrém (nem esta responsabilidade querem para si.). Haja vista a atual epidemia de doenças psicofundamentadas.
Também temos os mais radicais, que optam pela cirurgia. Para que dieta e consciência corporal? Para que atividade física? Recorramos a faca. Os fins justificam os meios. Mal sabem eles que os fins estéticos não são a causa da prática da saúde, mas sim, consequência dela.

Em meio a isso tudo temos a indústria farmacêutica. Pausa para reflexão. Será que sobreviverei a este post?

Não tenho a pretensão de aqui fazer grandes revelações, ou mesmo extinguir a temática. Aliás, não vou nem emitir minha opinião sobre o assunto. Lidemos apenas com fatos.
Enquanto indústria, depende de pesquisa. Para isso necessita de dinheiro. Como não é amplamente financiada pelos governos mundiais, o comércio, mediado pela propaganda, torna-se o meio de retorno para tal investimento inicial. Mas não em micro escala como um revendedor de móveis e eletrodomésticos, mas sim em uma macro escala da indústria do capital.
Não a toa o estudo inédito "Painel da Indústria Farmacêutica" (PIF), apresentado pela Business School de São Paulo (BSP - sentiu o drama?!), mostrou que a consolidação da IF deve se intensificar nos próximos anos, o meio para tal fim seria mudanças na estratégia geral de aquisição de concorrentes. Basicamente, fusões. Bem como os bancos. Itaú/Unibanco não me deixa(m) mentir.

Um dia tentei explicar para uma criança de menos de quatro anos o significado de uma palavra através do uso do seu oposto.
Se hoje essa criança me perguntasse: "Quêquí cê tá escrevendo?" Eu responderia: "O contrário de simples."

O Vicodin do House começa a fazer mais sentido.

2 comentários:

  1. Que que é Vicodin?!
    (pergunta de ignorante que não assiste séries de médico, nem gosta de remedinho...)

    perguntas a parte, o post - como sempre - excelente.
    bjos

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  2. Vicodin é um analgésico potente e com poder adquitivo, mistua de paracetamol (o tylenol mesmo) com hidrocodona. Essa sim!
    Hidrocodona é um opiáceo, ou seja, uma substância derivada do ópio. Ópio, em grego, suco, é o líquido leitoso que se obtem da papoula.
    Os opiáceos podem ser naturais quando não sofrem manipulações, como a morfina e a codeína, ou os modificados, chamados semi-sintéticos, como é, por exemplo o caso da heroína e do Vicodin, digo, hidrocodona.
    Descobri uma coisa legal aqui pesquisando. A palavra morfina vem do Deus grego Morfeu, o deus dos sonhos. O que tem tudo a ver, já que a droga é inibidora do nosso sistema nervoso central, deixando-o mais sonolento.

    bjs

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